Onde estão as pérolas no mercado de fornecedores de tecnologia?

Por Omar Tabach*

Omar Tabach – sócio-diretor da TGT Consult

Normalmente, quando pensamos no mercado de tecnologia no Brasil, imediatamente vem à memória grandes nomes multinacionais, como Microsoft, IBM, Accenture, Capgemini, Atos, AWS e diversas outras. Mas, ao analisar com um pouco mais de atenção, hoje estamos diante de uma realidade muito diferente. Vou lhe mostrar…

A pandemia da Covid-19 impulsionou maior urgência do mercado brasileiro para a transformação digital e isso acelerou também novas perspectivas e mudanças de consumo e oferta. Em parceria com a empresa global ISG, a TGT Consult tem acompanhado este avanço nos últimos 3 anos, por meio de levantamentos periódicos. E os dados não mentem: das mais de 700 empresas identificadas, 282 estão em boas condições competitivas e das 107 empresas consideradas líderes – que têm um portfólio de serviços diferenciado e uma posição de mercado expressiva – 42% são empresas genuinamente brasileiras. 

Movimentos de consolidação como os que ocorreram nas duas décadas passadas criaram gigantes de serviços e abriram oportunidades de mercado para o surgimento e crescimento  de várias empresas especializadas em serviços e produtos específicos de tecnologias. Algumas que valem ser citadas são as com foco em segurança cibernética, analytics, gestão de serviços em cloud, automação de teste e inteligência artificial. 

Como exemplo, é possível citar o movimento de deslocar a infraestrutura para serviços de nuvem. Se por um lado houve uma diminuição da demanda por provedores Data Centers locais, essa mudança abriu um oceano de oportunidades para gestores de cloud managed services e cloud híbridas. Há pouca ou nenhuma barreira de entrada nesse nicho, e aqueles que oferecem o serviço crescem rapidamente, com soluções de alta qualidade e de forma muito competitiva. Não é exagero dizer que 100% dos nossos clientes de consultoria estão em movimentos de migração para nuvem e vemos cada vez mais a escolha por empresas brasileiras para gerenciamento destes serviços.

Apesar do foco deste artigo não ser as grandes empresas, elas têm um papel importante na valorização do mercado de nicho. Grandes empresas globais aprenderam, talvez com a gigante de software ERP, da SAP, a utilizar um ecossistema de parceiros locais mais fortes, não apenas como forma de consolidar um canal de vendas, mas também para entregar soluções de forma mais eficiente e localizada. Neste movimento podemos citar: AWS, Google, Microsoft, ServiceNow, Salesforce, entre outras.

Trata-se de um movimento cíclico, que faz com que as empresas de nicho cresçam tanto em mercado como em capacidade de inovação, e se tornem alvos de aquisição das gigantes multinacionais de TI.  As grandes aquisições deram lugar aos compradores em série, não mais no atacado, mas agora no varejo, adquirindo pequenas e médias empresas com um apetite voraz. Não é à toa que se entrarmos nas páginas de aquisições da Accenture, Atos ou Ernst & Young, por exemplo, veremos uma média de uma aquisição por trimestre.

Comparando 2018, quando 15 empresas brasileiras foram citadas entre as líderes e 6 entre as Rising Stars – empresas que têm um “portfólio promissor” e um “alto potencial futuro” – com  2020, quando 42 empresas foram citadas entre as líderes e 16 entre as Rising Stars, constatamos aumento considerável que coloca o mercado tecnológico brasileiro lado a lado com grandes nomes internacionais. Com isso, é possível compreender que a lente deve estar nos detalhes e nos subsegmentos. É lá que estão as pérolas brasileiras que nossos clientes querem como fornecedores e que as grandes empresas vão almejar adquirir. 

*Omar Tabach é sócio-diretor da TGT Consult

 

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