Thábata Mondoni

Editora-chefe do Newly e jornalista especializada em Tech e Inovação. Possui 19 anos de experiência em jornalismo, assessoria de imprensa, reputação de marca e conteúdo digital. Atuou como repórter e editora de veículos como TVs, Jornais Impressos, Portais de Notícias e departamentos de comunicação de grandes empresas. É MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP) e especialista pela University of La Verne, na Califórnia.

Kumulus anuncia holding global e projeta faturamento de R$ 70 milhões

Com retorno de Thiago Iacopini à cadeira de CEO, empresa consolida atuação internacional e projeta dobrar faturamento nos próximos três anos

A Kumulus anunciou, nesta semana, uma nova fase de expansão global que vai unificar as operações internacionais. Batizada como “One Kumulus”, a reestruturação pretende consolidar a atuação da companhia nos mercados de países como Estados Unidos, Inglaterra, Irlanda e Portugal, onde já possui clientes ativos desde 2023. Com essa nova estratégia unificada, a empresa projeta dobrar o faturamento nos próximos três anos, chegando à marca de R$ 70 milhões.

Para comandar essa nova fase, Thiago Iacopini, que foi responsável pela expansão da Kumulus no mercado internacional, volta à cadeira de CEO, agora com a responsabilidade de liderar a operação global, que terá como holding a unidade inglesa; ele passará a controlar todas as unidades de negócios de todos os países de forma unificada. “Esse último ano foi de grande aprendizado, especialmente sobre a cultura de exigência dos mercados americano e britânico. Nossa estratégia agora é trazer essa experiência para fortalecer ainda mais nossa presença global e consolidar a Kumulus como uma parceira estratégica na transformação digital dos clientes”, destaca Iacopini.

Nos últimos dois anos, a expansão internacional foi responsável por uma parte importante do crescimento da empresa e hoje representa 30% do faturamento total. O objetivo com essa unificação global será dobrar esse faturamento, com metade do crescimento vindo do mercado internacional. Atrelada a nova estratégia de negócios da Kulumus está o fortalecimento da sua atuação como Trusted Advisor em transformação digital, ampliando o portfólio de serviços e se posicionando como uma parceira de negócios de longo prazo para os clientes.

Para isso, a empresa deve mirar em soluções de ponta a ponta em computação em nuvem, modernização de aplicações e inteligência artificial, já tendo uma chancela da Microsoft como AI Design Capable Partner, anunciada recentemente.

Uma característica que está no DNA da empresa é o uso da inteligência artificial de forma estratégica para proporcionar uma transformação digital eficiente aos clientes. “O mercado está inundado pela IA, então o segredo está em como usá-la. Aqui na Kumulus, entendemos que saímos na frente, porque começamos muito cedo a trabalhar e investir nesse tipo de tecnologia. A Kumulus, desde o início, trabalhou com o que deu origem a IA que conhecemos, com Large Language Models (LLMs). Por meio da nossa parceria com a Microsoft, fomos uma das primeiras empresas na América Latina a receber uma Advanced Specialization em Analytics do Microsoft Azure, sendo que hoje somos Azure MSP Expert”, comenta Iacopini. 

Com o objetivo de fortalecer a estrutura comercial internacional, nessa nova fase a Kumulus contará também com o retorno de Flavio Costa, desta vez como Diretor Comercial. Ele será responsável por unificar as operações de vendas nos diferentes países e fortalecer a sinergia entre as unidades. “A unificação das nossas operações de vendas internacionais é um marco estratégico para a empresa, o que nos habilita a oferecer uma experiência mais integrada e eficiente aos nossos clientes globais. Com essa nova estratégia, conseguimos alinhar culturas, processos e modelos de negócio distintos, fortalecendo nossa posição como parceira de transformação digital de grandes organizações. Nossa trajetória de sucesso em projetos de alto impacto e alianças estratégicas nos capacita a impulsionar a inovação e a competitividade, ajudando essas organizações a avançarem em seus negócios”, afirma Costa.

A parceria estratégica com a Logicalis, grupo ao qual a Kumulus está integrada, também desempenha um papel fundamental nesse novo momento da empresa. Segundo Iacopini, a Logicalis tem sido um canal estratégico para a distribuição dos serviços no exterior, facilitando sua entrada e consolidação em novos mercados.

“Com histórico de inovação e liderança no segmento de cloud computing e IA, a Kumulus reforça o compromisso de continuar entregando soluções de alto impacto para seus clientes e parceiros”, reforça o CEO. Entre as recentes conquistas da empresa está o reconhecimento como Microsoft Partner of the Year em 2022 e 2023, além de novas certificações que atestam a excelência na entrega de projetos de inteligência artificial e análise de dados.

A loja do futuro chegou: conheça as novas regras do jogo

NRF – Foto de Thabata Mondoni

A NRF, principal evento do varejo mundial, mostrou em Nova York que o setor está vivendo uma revolução sem precedentes. A era digital transformou a forma como as empresas se relacionam com os consumidores. O que antes se limitava a grandes lojas físicas e transações simples, agora é um ecossistema complexo de interações digitais e experiências personalizadas, que vão desde o entendimento do comportamento do cliente baseado em inteligência de dados e pesquisas até eficiência na jornada de compra e maior engajamento do público potencializados com IA e machine learning.

A estratégia de usar o tema IA como ideia central funcionou e atraiu visitantes interessados em compreender como a tecnologia passa a ser um tópico importante na reinvenção dos negócios de varejo não somente na própria eficiência, mas também de marketing. Afinal, empresas que comunicam inovação atraem mais a atenção e interesse do público.

Um dos grandes destaques foi a apresentação de Michelle Evans, da Euromonitor International, que mostrou números que valem a atenção do mercado: 56% do crescimento global do varejo nos próximos cinco anos virá do comércio eletrônico. Isso não significa apenas um aumento nas vendas digitais, mas uma mudança estrutural no setor, impulsionada por novos modelos de negócio, como o Direct-to-Consumer e retail media.

As gigantes Nike e a Nestlé, por exemplo, já lideram essa transição, provando que marcas podem criar conexões mais diretas com seus consumidores sem depender exclusivamente de grandes varejistas.  

Essa Era Digital do varejo promete ser abrangente, não se limitando apenas ao comércio eletrônico. A NRF mostrou que estamos vivendo em um momento no qual ferramentas como realidade aumentada e inteligência artificial são aplicadas para reformular a experiência de compra, melhorando a jornada de ponta a ponta. Imagine visualizar, em tempo real, como um móvel ficaria na sua sala antes de comprá-lo ou receber sugestões altamente personalizadas baseadas no seu histórico de compras. Essas inovações não são mais apenas tendências, mas sim uma realidade gerada pelos dados, em grande parte do tempo extremamente precisos e eficazes.

Essa transformação tecnológica está moldando não só o que compramos, mas também como e por que compramos. Há uma busca crescente por valores que vão além do preço. Na América do Norte, por exemplo, 60% dos consumidores preferem marcas comprometidas com a sustentabilidade. Além disso, a saúde e o bem-estar estão no centro das escolhas de consumo, com alta demanda por alimentos que promovam uma vida mais saudável, como proteínas vegetais e produtos de baixo teor de açúcar.  

Também não podemos deixar de lado o tema personalização e como as empresas estão se adaptando para oferecer mais conveniência aos consumidores. Na NRF, tendências como os autosserviços, “clique e retire” e plataformas de live streaming para compras de alimentos foram apontados como destaques para o ano de 2025. Essas práticas combinam a praticidade do digital com a interação personalizada que consumidores valorizam tanto e que, talvez, por isso têm conquistado cada vez mais adeptos.  

Obviamente, a jornada para o futuro do varejo não será isenta de desafios. A competição segue mais acirrada do que nunca, e as marcas passam a lidar com a necessidade não só de manter a rentabilidade, mas de equilibrá-la com inovação e a sustentabilidade. A confiança do consumidor também está em jogo: em tempos de inflação dos Estados Unidos e instabilidade econômica, as pessoas querem sentir que estão fazendo escolhas inteligentes e com propósito. No sentido econômico, pela primeira vez vimos a maior feira de varejo do mundo dividir o tema inovação com alternativas de crédito – algo que por muito tempo foi irrelevante para o mercado norte-americano e que agora ganha uma maior atenção do retail. Em uma era na qual já se é possível fazer pagamentos com apenas a palma da mão, foi interessante ver o mercado norte-americano retroceder alguns passos e dar uma maior atenção à facilidade de pagamento e opções de crédito.  

O que fica claro com essa feira é que as empresas que conseguirem integrar tecnologia de ponta, valores humanos e uma experiência de compra memorável, diferenciada e encantadora, terão não apenas sucesso, mas relevância em um mercado que não para de mudar. Afinal, como disse Michelle Evans, o varejo está em constante reinvenção, e aqueles que abraçarem essa dinâmica estarão na linha de frente da próxima grande transformação. 

*Thabata Mondoni é jornalista e CEO da Mondoni Press.  

Brasileira VR Software estreia na NRF 2025 com inovações para gestão de supermercados e experiência do cliente

A VR Software, empresa de soluções tecnológicas para o setor supermercadista, estreia sua participação na NRF 2025 – Retail’s Big Show, a maior feira global do varejo, que ocorre entre os dias 12 e 14 de janeiro, em Nova York, nos Estados Unidos. Para a edição 2025, a empresa promete inovações, como ferramentas que aprimoram a personalização da experiência do cliente, otimizam a gestão do supermercado e simplificam operações omnichannel. Um dos destaques é a nova versão do ERP 100% em nuvem, que é mais escalável, conta com uma interface bastante intuitiva e possibilita o acesso de qualquer lugar a informações sobre a gestão do empreendimento.

“Essa ferramenta é mais uma prova de que estamos posicionados como referência em inovação tecnológica no varejo supermercadista. O objetivo sempre é trazer soluções capazes de simplificar a jornada do consumidor, otimizar a operação, impulsionar a transformação digital no setor e, acima de tudo, ajudar os nossos clientes a crescer e evoluir com segurança”, pontua o atual CEO da VR Software, Vinicius Borgo.

Novo CEO também estreia na feira de Nova York

A NRF 2025 marca também a chegada de Luciano Guerrero ao cargo de novo CEO da VR Software, com a meta de impulsionar a expansão nacional e internacional, além de fortalecer o papel da companhia como referência no setor. Para ele, a participação é essencial para empresas que desejam se manter competitivas no mercado global.
“Na NRF, temos acesso direto às mais recentes inovações e melhores práticas do setor. Além de permitir o acompanhamento dos movimentos estratégicos de grandes players, um evento desse porte também proporciona insights valiosos sobre as expectativas dos consumidores e os avanços tecnológicos. Isso fortalece a nossa capacidade de antecipar demandas, aprimorar soluções e consolidar a nossa posição como líder em tecnologia para o varejo supermercadista”, explica.

Para Guerrero, a presença na feira amplia a visibilidade internacional da VR Software, fortalecendo a reputação como um parceiro estratégico para a transformação digital no varejo supermercadista. “A exposição na NRF destaca o nosso compromisso com a inovação contínua e consolida a nossa imagem como uma empresa preparada para atender a todas as demandas de um mercado global cada vez mais dinâmico e competitivo”, finaliza o novo CEO da VR Software.

Rogério Moreira é nomeado Coordenador do Comitê de Estudos de IoT e Gêmeo Digital na ABNT

Rogerio Moreira, diretor de Tecnologia da ABINC

A Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) anunciou que Rogério Moreira, Diretor de Tecnologia da entidade, foi nomeado como Coordenador do Comitê de Estudos de IoT e Gêmeo Digital do CB-021 na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Representando a ABINC, o grupo terá a missão de desenvolver padrões nacionais para Internet das Coisas (IoT) e Gêmeos Digitais, espelhando o trabalho do ISO/IEC JTC 1/SC 41 (Internet of Things and Digital Twin).

A Comissão de Estudo de Internet das Coisas (IoT) e Gêmeos Digitais (CE-021:002.041) atuará no campo da normalização, abrangendo terminologia, classificação, diretrizes, requisitos e generalidades relacionadas à IoT. Essa iniciativa é um marco importante para fortalecer o ecossistema tecnológico brasileiro, estabelecendo diretrizes claras e alinhadas aos padrões internacionais.

Parceria entre ABINC e ABNT

No primeiro semestre de 2024, a ABINC firmou um acordo estratégico com a ABNT para criar normas específicas para o mercado brasileiro de IoT. Segundo Paulo Spaccaquerche, presidente da ABINC, a parceria representa um avanço significativo. “Assim como a ABNT é responsável pelas certificações ISO, agora estamos colaborando para estabelecer padrões claros e rigorosos para a IoT, fortalecendo ainda mais o ecossistema tecnológico brasileiro”, explica.

Próximos Passos

De acordo com Rogério Moreira, as primeiras ações incluem a avaliação das normas já publicadas pela ISO/IEC JTC 1/SC 41 e a definição de um cronograma para tradução e publicação como norma brasileira.

“Esse é um marco importante para o setor, que trará alinhamento internacional entre todas as partes interessadas. Também promoverá atualização tecnológica do segmento”, destaca Rogério.

Foto: Jason Dixson Photograph / Divulgação

NRF 2025: Inteligência Artificial, Sustentabilidade e o Futuro do Varejo em Nova York

Foto: Jason Dixson Photograph / Divulgação
NRF Retail’s Big Show. Foto: Jason Dixson Photograph_ Divulgação

O Jacob K. Javits Convention Center, em Nova York, recebe entre os dias 12 e 14 de janeiro a NRF Retail’s Big Show 2025, evento que ficou consagrado como o maior difusor de tendências e inovações do varejo global. Com a expectativa de reunir mais de 39 mil participantes, 5 mil marcas e 175 sessões educacionais, a NRF 2025 promete mergulhar em temas como inteligência artificial, sustentabilidade e modelos de negócio inovadores, destacando como essas tendências moldam a indústria global. Abraçando o tema “Game Changer”, o evento reforça a necessidade de adaptação e reinvenção em um cenário competitivo e em constante evolução.

Tecnologias e soluções revolucionárias

Surfando a onda de novas soluções e tecnologias para o varejo, a Toshiba anunciou, nesta semana, que vai apresentar soluções exclusivas para otimizar a experiência do consumidor e os processos internos do varejo. No estande da empresa, serão exibidas ferramentas de autoatendimento de ponta e hardware POS que prometem redefinir as operações de vendas. Além disso, visitantes poderão interagir com plataformas como o Toshiba Commerce Marketplace, projetada para integrar operações físicas e digitais, com foco na personalização e na eficiência.

Por sua vez, a StrataVision vai apresentar duas inovações: o Store-Within-a-Store Analytics, que oferece análises detalhadas sobre o comportamento do consumidor dentro de espaços dedicados, e os Retail Smart Alerts, que utilizam visão computacional para otimizar a alocação de colaboradores em tempo real, garantindo um fluxo contínuo e experiências mais fluidas nos pontos de venda.

E, claro, a gigante Amazon não ficaria de fora dos principais anúncios de tendências de mercado… Com o apoio da AWS, a marca exibirá como a inteligência artificial e a automação estão sendo utilizadas para personalizar a jornada do consumidor e otimizar as operações no varejo. Em painel exclusivo, Doug Herrington, CEO da Amazon Stores, também apresentará cases de sucesso e os aprendizados obtidos com o uso de IA generativa, destacando a integração entre tecnologias emergentes e a satisfação do consumidor.

Ainda no tópico IA, a Diebold Nixdorf também será um destaque, com recursos de inteligência artificial projetados para toda a loja. Suas soluções incluem plataformas de layout inteligente, que aumentam a eficiência operacional e personalizam a jornada do consumidor, além de integrações com sistemas já existentes, facilitando a implementação de novas tecnologias.

Para fechar o bloco de tecnologia desta coluna, falamos recentemente com a Zebra, que chega ao evento com o propósito de demonstrar o impacto da inteligência artificial no varejo. A empresa promete soluções como sistemas inteligentes para gerenciamento de estoque, otimização de fluxos de trabalho e melhoria da experiência do consumidor. Um dos destaques será o Global Shopper Study, que reúne dados inéditos sobre tendências de consumo e as demandas do setor (em breve você confere aqui, no Newly). Além disso, no estande da Zebra, os visitantes poderão explorar como a tecnologia pode aumentar a eficiência operacional e criar experiências mais conectadas para o cliente.

Foco no consumidor do futuro

As gerações Z e Alpha estarão no centro das discussões, já que são os consumidores que dominarão o mercado nos próximos anos. Marcas como Sephora, Roblox e Claire’s compartilharão estratégias para engajar essas gerações, que priorizam sustentabilidade, digitalização e experiências inovadoras.

Durante os três dias de evento, a programação incluirá painéis sobre o impacto da IA em campanhas de marketing, estratégias de personalização e novos modelos de negócio. Os debates buscarão responder a questões cruciais: como prever as preferências de um público cada vez mais exigente e diversificado? Como integrar inovação e sustentabilidade para atender às demandas do varejo moderno?

Cientista finlandês alerta como ataques a satélites e drones ameaçam a segurança global

Em sua breve passagem pelo Brasil, o finlandês Andrei Costin, o professor da Universidade de Jyväskylä, fez alertas para centenas de especialistas reunidos na conferência global Cyber Security Summit Brasil, nesta segunda-feira, 28. Em uma era marcada pelo aumento de satélites comerciais, como o Starlink, Andrei destacou a complexidade de proteger redes que mesclam propósitos civis e militares.

Segundo ele, existem tecnologias civis e militares tão misturadas que é difícil traçar uma linha entre elas. “Muita dessa tecnologia é usada em geral e, às vezes, é muito difícil colocar uma linha entre onde o militar começa e onde o civil termina”, afirmou, citando como o Starlink desempenha funções tanto de conectividade civil quanto de apoio militar. Ele ressaltou que a presença dessas redes no espaço, especialmente em conflitos como o da Ucrânia, traz desafios de proteção que vão além das capacidades convencionais. Andrei observou que essas tecnologias precisam ser vistas como parte de uma nova estratégia de segurança que envolve tanto empresas quanto governos, enfatizando a necessidade de cooperação global para monitorar e proteger tais infraestruturas.

Com uma carreira marcada por pesquisas em segurança de dispositivos IoT, firmware e privacidade digital, Andrei explorou em sua apresentação os riscos associados ao uso comercial de satélites, drones, redes aeroespaciais e marítimas. Outro ponto levantado pelo professor foi o risco representado pelo mercado secundário de componentes eletrônicos. “No eBay, você pode encontrar peças de sistemas de controle antigas, com códigos vulneráveis que ainda compartilham protocolos com modelos atuais”, comentou. Ele explicou que essa realidade cria oportunidades para que hackers explorem códigos vulneráveis desses dispositivos, uma vez que as empresas frequentemente evitam substituições devido ao custo elevado. “Essas tecnologias não foram projetadas para os desafios de segurança que enfrentamos hoje… nós temos que apenas ‘patch and pray’, ou seja, atualizar o sistema e esperar pelo melhor. Esse é o único jeito”. Ele destacou como essa situação é preocupante para a confiança de quem depende desses sistemas, especialmente em contextos críticos, como aviação e infraestrutura.

A apresentação de Andrei também incluiu uma análise sobre a manipulação de dados de sistemas de comunicação, como o ADS-B (usado na aviação) e o AIS (para navegação marítima). O professor demonstrou como informações falsas podem ser injetadas nesses sistemas, simulando a presença de aeronaves ou embarcações em áreas estratégicas, o que poderia desencadear respostas políticas e militares indesejadas. “É como colocar um caça em um mapa digital, sem assinatura digital. Uma técnica falsa, mas que parece real”, explicou. Ele destacou como, em situações de alta tensão geopolítica, manipulações desse tipo poderiam ser mal interpretadas e causar incidentes internacionais, especialmente se visualizadas em tempo real por países como a China.

Andrei chamou atenção para as limitações de tecnologias antigas, ainda amplamente utilizadas em infraestrutura crítica, como sistemas de comunicação de aeronaves e navios. “Esses protocolos de comunicação, como o GDL90, ainda são vulneráveis, e a implementação de novas versões é cara e demorada”, relatou. Ele descreveu como as tecnologias de controle e comunicação usadas hoje foram projetadas há mais de uma década e permanecem vulneráveis a explorações, sendo muitas vezes inadequadas para enfrentar as ameaças modernas de segurança cibernética. “Em muitos desses sistemas, as vulnerabilidades são conhecidas, mas continuam sem solução por questões de custo e complexidade de atualização”, disse ele.

Em suas observações, Andrei reforçou que a evolução dos ataques cibernéticos exige uma abordagem que vá além da tecnologia, envolvendo também política e economia. “Essas tecnologias facilitam manipulações que vão muito além dos negócios; elas entram na esfera geopolítica, com potencial de desestabilizar relações internacionais”, enfatizou. Ele defendeu a criação de regulamentações mais rígidas e uma colaboração estreita entre empresas e governos para mitigar os riscos e proteger a infraestrutura cibernética crítica.

Com uma palestra que uniu conhecimento técnico detalhado a exemplos práticos e atuais, Andrei Costin deixou uma mensagem clara sobre a urgência de novas abordagens de segurança cibernética. “Se queremos proteger nossas infraestruturas, precisamos de uma visão de segurança robusta e integrada. Precisamos parar de apenas reagir e começar a antecipar essas ameaças”, concluiu.

O futuro do delivery: cozinhas compartilhadas, marketing digital e a experiência do cliente

No Delivery Summit 2024, especialistas revelam como essas tendências estão impactando diretamente no bolso dos empresários; grandes nomes do setor compartilham as últimas novidades sobre como otimizar custos, aumentar vendas e conquistar clientes

O setor de food delivery tem crescido no mundo todo e o Brasil vem acompanhando essa tendência com vigor. Uma pesquisa recente realizada pela Ticket, que entrevistou quase 10 mil pessoas, revelou que 4 em cada 10 brasileiros pedem delivery regularmente — ou seja, 40%. Entre os jovens da Geração Z, com idades entre 15 e 28 anos, esse número sobe para 51%. Mas qual é a estratégia desse setor para continuar crescendo a cada ano? Foi nesse contexto de mercado aquecido que São Paulo recebeu o Delivery Summit 2024, evento realizado pela Woovi, em parceria com WAbiz, que reuniu especialistas e empresários para compartilhar práticas, tecnologias e estratégias que prometem transformar o delivery em uma máquina de vendas.

O evento apresentou tendências e cases de sucesso para quem deseja prosperar em um mercado em rápida evolução. A agenda foi marcada por insights sobre tecnologias emergentes, campanhas sazonais e estratégias de fidelização, com exemplos práticos que mostraram como é possível conquistar e manter clientes em um ambiente cada vez mais competitivo​. Com o apoio de marcas como Heineken, Seara, OpenPix, Catupiry, Sr.Caixa e Pietro Fornos, o Delivery Summit inovou em fazer o primeiro evento focado no setor food delivery no Brasil. Segundo a organizadora Woovi, as empresas que investirem em inovação e na experiência do cliente estarão à frente na corrida por um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo. De acordo com  Rafael Turk, CEO da Woovi,  outro ponto que merece atenção de empresários do setor é a “automatização das transações e uma infraestrutura que possibilita agilidade nos processamentos de pagamentos, trazendo diferenciais como eficiência operacional e satisfação do cliente, desde o momento de decisão de compra até a satisfação no pós-vendas”.

Entre os palestrantes, Rafael Abath, fundador da Zapy Pizza, destacou o papel da inovação na construção de negócios bem-sucedidos. Ele compartilhou a experiência de sua empresa ao bater o recorde de entrega em apenas 8 minutos. “Fazer entregas em 40 minutos já não é diferencial. Quem não se adapta, fica para trás”, afirmou Rafael. O modelo de cozinhas compartilhadas é um dos segredos que garante essa eficiência, permitindo otimização de custos e aproveitamento de insumos para diferentes marcas.

Outro destaque foi Valmor Friedrich, CEO da Kadalora Pizzaria, que apresentou sua trajetória de 44 anos no setor de alimentação, marcada pela superação de desafios e pela expansão de seu negócio para 17 unidades. Valmor contou como inovou ao manter sua pizzaria aberta em horários que seus concorrentes não operavam, conquistando assim novos públicos. “Enquanto outras pizzarias fechavam cedo, permanecemos abertos e absorvemos mais clientes”, revelou. Além das pizzarias, Valmor diversificou seus negócios, criando um ecossistema que inclui boutiques de carne e produtos de limpeza, aproveitando sinergias entre os diferentes setores. Sua estratégia não apenas aumentou o faturamento, mas também garantiu uma base de clientes fiéis e uma operação mais robusta.

A importância do marketing estratégico foi amplamente discutida pela equipe da HS Marketing. Com base em funis de conversão otimizados, a empresa destacou que a cada 1.000 visualizações de anúncios, 100 interagem com a marca, 15 realizam compras e cinco se tornam clientes fiéis. O foco do marketing 360º está na redução da dependência de marketplaces como, por exemplo, iFood e UberEats, promovendo campanhas direcionadas para cardápios próprios e fortalecendo a fidelização do cliente. Para Rafael Turk, CEO da Woovi, “a centralização de canais próprios, além de marketplaces, permite que oportunidades sejam exploradas durante a jornada, como análise da recorrência de compra e aplicação de mecanismos de retenção, sem contar a redução de repasses para esses canais”.

A utilização de conteúdo visual atrativo, como o ‘foodporn’, e parcerias com influenciadores locais foram apontadas como essenciais para engajar o público e converter seguidores em clientes. A HS Marketing também apresentou cases de sucesso, como o crescimento de 40% no faturamento do Vila Anália, impulsionado por estratégias de comunidade, e o aumento de 50% nas vendas do Chapéu de Couro por meio de campanhas urgentes e personalizadas.

Jussara Calife, diretora de Trade Marketing para os canais ON e OFF do grupo Heineken, por sua vez, abordou a importância de adaptar cardápios de acordo com ocasiões específicas, como churrascos e festas, para aproveitar as oportunidades em feriados e finais de semana. Ela enfatizou que a personalização do atendimento, aliada ao uso de bots e listas organizadas pelo WhatsApp, pode aumentar a eficiência operacional e melhorar a experiência do cliente. “A criação de combos atrativos, pensados para diferentes ocasiões, é essencial para se destacar em um mercado tão competitivo”, explicou Jussara, reforçando que parcerias sólidas com fornecedores também são fundamentais para o sucesso.

As tendências presentes no setor de food service incluem a importância de processos que proporcionem aos consumidores experiências personalizadas com estratégias de marketing digital como interação de qualidade, gestão de relacionamento entre lojas e clientes, atendimento ágil, além da parceria com marketplaces convencionais.  Durante o caminho do consumidor, desde o checkout até a tomada de decisão de compra, assim como possível satisfação com o produto, fidelização e recomendação da marca, é importante facilitar os processos, simplificar as etapas e priorizar o cliente.

Além dos cases e insights práticos, o Delivery Summit 2024 trouxe dados importantes sobre o crescimento do mercado de delivery. O setor tem registrado aumentos consistentes, especialmente em segmentos premium e em datas sazonais, mostrando que a aposta em campanhas estratégicas e fidelização pode garantir uma receita sustentável. O evento foi marcado pelo engajamento dos participantes, que saíram com um plano claro para aplicar as estratégias discutidas e transformar seus negócios. Como concluiu Valmor Friedrich: “Prosperar é sobre preparar pessoas e criar um negócio que faça sentido a longo prazo”.

Data Spaces: o futuro da economia de dados no Brasil ganha força com apoio do governo e setor privado

Em painel na Futurecom 2024, a Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) e a International Data Space Association (IDSA) destacaram a relevância dos Data Spaces como pilares para o avanço da nova economia de dados no Brasil. O painel, moderado por Flávio Maeda, vice-presidente da ABINC, reuniu especialistas de peso, incluindo Sonia Jimenez, diretora da IDSA; Isabela Gaya, gerente de Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI); Marcos Pinto, diretor do Departamento de Competitividade e Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC); e Rodrigo Pastl Pontes, gerente de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que trouxeram diferentes perspectivas sobre os desafios e oportunidades dos Data Spaces para a economia de dados no Brasil.

Durante o evento, Sonia Jimenez ressaltou que muitas empresas ainda enfrentam barreiras para maximizar o valor gerado pelos dados que coletam, principalmente pela falta de confiança em compartilhar informações. “As empresas geram muitos dados, mas não estão obtendo o retorno esperado. A IDSA surge como uma solução para promover a confiança entre as partes envolvidas no compartilhamento seguro de dados, ajudando a superar as barreiras tecnológicas e gerando benefícios concretos para os negócios”, afirmou Sonia.

Ela também destacou que o cenário está mudando, e as organizações começam a perceber os benefícios claros de uma economia de dados integrada. Sonia explicou que o IDSA está observando uma crescente conscientização sobre o valor dos Data Spaces, especialmente na promoção de inovações tecnológicas e na interoperabilidade dos sistemas. Segundo ela, isso não apenas aumenta a eficiência, mas também ajuda a reduzir custos e a fomentar novos modelos de negócios digitais.

Outro destaque do painel foi a pesquisa inédita da ABDI “Agro Data Space Programa Agro 4.0”, apresentada por Isabela Gaya, que explorou o potencial dos Data Spaces no agronegócio, setor crucial para a economia brasileira. O estudo indicou que a adoção de Data Spaces poderia gerar um aumento de 30% na eficiência operacional em diferentes áreas da agricultura e reduzir os custos em até 20%. Além disso, o uso de soluções tecnológicas avançadas, como a Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial, possibilitaria a coleta e análise de grandes volumes de dados, permitindo decisões mais informadas e ágeis no campo.

A pesquisa também destacou o impacto positivo na sustentabilidade. Por exemplo, os produtores poderiam reduzir em até 70% o uso de herbicidas e diminuir significativamente o uso de outros insumos por meio de tecnologias de monitoramento e automação, o que resultaria em uma produção mais sustentável e eficiente. O estudo ainda revelou que mais de 1 milhão de propriedades rurais poderiam se beneficiar diretamente dessa transformação digital, o que reforça o papel estratégico dos Data Spaces no fortalecimento da competitividade do setor agroindustrial brasileiro.

Isabela Gaya, da ABDI, comentou durante o evento sobre o impacto da digitalização no setor agrícola: “A adoção de tecnologias inovadoras integradas a Data Spaces pode transformar o agronegócio brasileiro, melhorando a eficiência produtiva e promovendo uma gestão mais sustentável dos recursos”. Ela enfatizou que o setor está pronto para abraçar essas inovações, especialmente com o apoio de políticas públicas e investimentos direcionados.

Marcos Pinto, diretor do Departamento de Competitividade e Inovação do MDIC, trouxe a perspectiva do governo sobre a importância de acelerar o desenvolvimento de Data Spaces no Brasil. Ele destacou que o país tem uma produção massiva de dados, tanto de pessoas quanto de empresas, mas que apenas 25% das grandes corporações estão utilizando data analytics de forma eficaz. “O governo quer estimular o desenvolvimento desses Data Spaces para acelerar a economia de dados no Brasil. Estamos criando um programa específico para isso e estudando setores onde essa tecnologia pode ser aplicada com sucesso, como já vimos em outros países”, explicou Marcos.

Ele também mencionou que o governo está em fase de articulação, conversando com diversos setores para identificar áreas em que os Data Spaces podem ser implementados. “Nossa mensagem é de construção colaborativa, e esperamos lançar até o final do ano medidas concretas para apoiar esse desenvolvimento. Temos estudado iniciativas de outros países, especialmente da União Europeia, e não queremos esperar cinco anos para aproveitar essa onda de inovação. A vantagem é criar oportunidades de mercado e desenvolver produtos competitivos”, disse Marcos. Segundo ele, o governo deve promover uma tomada de subsídios para um marco legal regulatório em breve.

O diretor do MDIC enfatizou que o Brasil está comprometido em apoiar o setor produtivo na transição para uma economia mais digital e eficiente. “Para alcançar ganhos de produtividade, vamos precisar de empresas digitais que possam desenvolver essas soluções. O governo quer estar lado a lado com o setor produtivo para garantir que isso aconteça”, concluiu ele.

A ABINC, em parceria com o IDSA, tem atuado para trazer esse conceito de Data Spaces para o Brasil, buscando alavancar a competitividade digital do país. Essas iniciativas fazem parte de um esforço maior de transformação digital, que visa integrar setores como agricultura, saúde e mobilidade, além de fomentar a criação de novas oportunidades de negócios.

Flavio Maeda, vice-presidente da ABINC, ressaltou que essa parceria com o IDSA consiste em trazer conhecimento para o mercado a respeito do potencial dos Data Spaces no Brasil, especialmente para o agronegócio e indústria. Maeda também explicou que a ABINC está trabalhando em conjunto com o IDSA, a ABDI, o CNI e o MDIC para implementar, em 2025, o projeto de Open Industry, similar ao que foi o Open Finance. “Queremos trazer os mesmos benefícios do Open Finance para outros setores industriais. Esse projeto também vai de encontro com o conceito de Data Spaces”, explicou Maeda.

Rodrigo Pastl Pontes, da CNI, também comentou sobre a importância de uma infraestrutura robusta e interoperável para que as empresas industriais possam compartilhar dados com segurança e confiança, impulsionando a inovação e a eficiência em diversos setores.

Com os avanços discutidos na Futurecom 2024, fica claro que a economia de dados terá um papel central no futuro do Brasil, e o conceito de Data Spaces será fundamental para consolidar esse caminho, como concluiu Sonia Jimenez: “A evolução dos Data Spaces vai permitir que as empresas brasileiras alcancem um novo patamar de inovação, com segurança, transparência e, principalmente, confiança no compartilhamento de dados”.

Flávia Ruiz da Meta destaca no Yalo Open Doors como a inteligência artificial está moldando o futuro das interações comerciais

Flávia Ruiz, Industry Manager da Meta

Na última quarta-feira, 25, a Yalo – plataforma inteligente de vendas – promoveu o Yalo Open Doors, reunindo grandes nomes da indústria para discutir o futuro das interações comerciais por meio da inteligência artificial. Durante o evento, Flávia Ruiz, Industry Manager da Meta, compartilhou suas visões sobre como essas tecnologias estão transformando o cenário global de vendas.

Flávia destacou um dos maiores desafios enfrentados pela indústria: a dificuldade de alcançar o pequeno varejo e a importância de parceiros como a Yalo para ajudar nesse processo. “Uma das maiores dores da indústria hoje é conseguir chegar no pequeno varejo que a força de vendas dela não chega. E a hora que a Yalo entra no jogo para oferecer o WhatsApp como a principal plataforma de comunicação da indústria com os distribuidores e com o pequeno varejo, ela entrega um valor muito grande para a operação que hoje não consegue chegar lá”, afirmou.

Manuel Centeno, co-fundador e general manager Brasil da Yalo

Manuel Centeno, co-fundador e general manager Brasil da Yalo, reforçou a importância dessa abordagem, explicando que o comércio sempre foi baseado em conversas, e que a digitalização trouxe um distanciamento desse aspecto fundamental. “Desde a antiguidade, a conversa e a interação sempre foram essenciais para as vendas. Com a digitalização do comércio por meio de aplicativos e e-commerce, essa conversa foi perdida. A Yalo está revolucionando o mercado ao trazer essa interação de volta por meio de vendedores virtuais. As pessoas gostam muito de conversar. Basta ver o sucesso do ChatGPT para entender que as pessoas preferem uma conversa a procurar algo no Google de forma tradicional”, comentou. 

Flávia também destacou a importância de uma jornada de compra fluida e personalizada. Para ela, o WhatsApp não é apenas uma ferramenta de mensagens, mas uma plataforma completa que permite uma jornada de compra integrada e sem fricções. “O WhatsApp tem funcionalidades que outras ferramentas de mensagem não têm, como mensagens de voz. Voz no Brasil é muito forte, pois ela facilita. A gente como companhia não sabia o potencial das mensagens de audio na hora que a gente lançou essa funcionalidade, até que vimos o volume utilizações. Hoje é gigante no Brasil”, explicou. 

Além disso, Manuel abordou como a Yalo está mudando a forma como as empresas realizam vendas, mencionando um exemplo cotidiano: “Eu quero entrar na minha cozinha, abrir minha geladeira e falar: ‘Preciso de presunto, queijo, laranja…’ e o vendedor virtual fazer o pedido por mim. Esse futuro está aqui. Em 5 anos, o mundo vai ser totalmente diferente por empresas como a Meta e a Yalo que estão à frente da tecnologia”, disse. 

Tanto Flávia quanto Manuel também falaram sobre o papel central da inteligência de dados na personalização da experiência do cliente. “A gestão de dados é fundamental para o sucesso, pois é necessário entender profundamente os sinais captados em todas as conversas com os clientes, para que você possa ajustar e adaptar suas estratégias conforme necessário”, observou Flávia. 

Manuel complementou essa visão ao falar sobre a integração das plataformas e como elas podem transformar a maneira como os consumidores interagem com as marcas. “O vendedor virtual é um dos produtos mais importantes de inteligência artificial. O futuro está aqui, mas as experiências, em grande parte, ainda são ruins. O que estamos fazendo na Yalo e com nossos parceiros, como a Meta, é revolucionar essa experiência”, comentou. 

Essa combinação entre tecnologia e relacionamento está permitindo que empresas de todos os tamanhos, em especial no Brasil, prosperem em um ambiente de vendas cada vez mais conectado e eficiente. A Yalo tem se destacado ao oferecer soluções específicas para as necessidades da indústria, empoderando grandes marcas como Nestlé, Coca-Cola, Unilever, Mondelez e Raízen, ajudando empresas a vender de forma omnicanal e a melhorar suas relações com os clientes ao longo da jornada de compra.

“Estamos vivendo micro ciclos dentro do ciclo de transformação do varejo”, alertou Alberto Serrentino durante 3º Encontro RPE

De acordo com o especialista, a adoção de tecnologias como o comércio conversacional e a automação digital está impulsionando a inovação no varejo, permitindo que empresas naveguem com agilidade pelos desafios e oportunidades dos micro ciclos de transformação

Durante o 3º Encontro RPE, evento realizado em parceria com a Horizon Pay, que reuniu grandes líderes do varejo, tecnologia e mercado financeiro na última semana, Alberto Serrentino, Fundador da Varese Retail, apresentou uma análise abrangente sobre o panorama atual do varejo brasileiro e os desafios que o setor enfrenta após as grandes transformações impostas pela pandemia. Serrentino trouxe uma visão detalhada sobre as dinâmicas econômicas, as mudanças no comportamento do consumidor e a adaptação tecnológica acelerada no setor.

Logo no início, o especialista destacou a complexidade dos “micro ciclos” dentro do grande ciclo de transformação que o varejo tem enfrentado nos últimos anos. Ele pontuou como as empresas foram desafiadas a equilibrar necessidades imediatas com estratégias de longo prazo: “Nós estamos vivendo micro ciclos dentro de um ciclo maior que é o ciclo de transformação do varejo. Da pandemia para cá, a agenda mudou várias vezes, o que desafia as empresas a manter o foco no curto prazo enquanto precisam lidar com instabilidades e mudanças de ambiente”.

Um dos pontos centrais de sua fala foi a aceleração da digitalização durante a pandemia, especialmente no varejo essencial, onde a estratégia foi “levar a loja até o cliente”. O foco estava em soluções rápidas e imediatas para manter o fluxo de vendas, sem que as empresas se preocupassem com a sustentabilidade a longo prazo. “Foi uma aceleração digital muito voltada para fora e para alternativas de compra, mas a grande preocupação era simplesmente sobreviver. Se não fizéssemos, morreríamos”, ressaltou Serrentino. Ele destacou que essa aceleração digital, embora necessária, trouxe consigo grandes desafios culturais e operacionais para as empresas tradicionais, que precisaram se adaptar rapidamente a novas formas de interação com o consumidor.

Entretanto, o especialista foi enfático ao alertar sobre os impactos do cenário econômico no varejo pós-pandemia. Com a queda da liquidez e o aumento dos juros globais, muitas empresas que se alavancaram durante o período de dinheiro fácil agora enfrentam enormes dificuldades. “Nós saímos de um ambiente de pandemia com juros baixos e liquidez abundante para um cenário de muita incerteza, inflação global, juros altos e uma economia andando de lado. Para o varejo, isso foi devastador”. Ele observou que as empresas com uma estrutura de capital leve e boas reservas de caixa conseguiram sair relativamente ilesas da crise, enquanto aquelas que saíram alavancadas enfrentaram uma situação crítica, muitas vezes recorrendo à recuperação judicial ou encerrando as operações.

Um dos pontos mais discutidos foi o impacto do e-commerce no Brasil durante e após a pandemia. Serrentino trouxe uma análise profunda sobre como a digitalização impulsionou as vendas online, mas também como a queda posterior foi um reflexo da mudança de estratégia das empresas: “O e-commerce caiu em 2022 e 2023, mas isso não aconteceu por uma queda na demanda dos clientes, e sim porque o varejo parou de oferecer condições atraentes, como vendas a prazo sem juros e frete grátis. O cliente voltou para as lojas físicas e as empresas se tornaram mais conservadoras na oferta online”.

Essa reestruturação econômica também trouxe à tona uma nova abordagem no uso da tecnologia, especialmente no campo do conversational commerce, que ganhou força durante a pandemia. Segundo o especialista, plataformas como o WhatsApp se tornaram fundamentais para manter as vendas em movimento. “As empresas descobriram que podem fazer uma jornada de compra completa, do início ao fim, sem interação humana, e funciona. O cliente aceita isso”. A automação desse processo e a introdução de contas corporativas e governança dentro dessas plataformas também aceleraram a transição para um comércio mais eficiente e digital.

Além das questões operacionais e de digitalização, Serrentino trouxe dados importantes sobre o mercado de trabalho e o impacto positivo que ele tem sobre o varejo: “O Brasil, desde a pandemia, voltou a gerar empregos formais em ritmo acelerado. A renda que as pessoas perderam durante a crise foi recuperada, e isso dá fôlego para o consumo. Isso é o básico para o varejo crescer: emprego, renda e massa salarial”. Ele observou que a confiança do consumidor está em níveis mais altos do que antes da pandemia, o que representa uma janela de oportunidade para o crescimento do setor nos próximos anos.

Outro dado mencionado por Serrentino durante o 3º Encontro RPE foi o crescimento da renda e dos programas de assistência social, que tiveram impacto direto no consumo. “O Bolsa Família, que antes da pandemia girava em torno de R$ 34 bilhões, hoje está em R$ 170 bilhões. Esse aumento tem um impacto direto no varejo, especialmente nas famílias de baixa renda”. Ele destacou que cerca de 30% das famílias brasileiras são impactadas por esse recurso, o que alimenta diretamente o consumo de bens de primeira necessidade.

No entanto, o especialista também alertou sobre os desafios que ainda impedem o crescimento acelerado do varejo no Brasil. Entre os principais fatores, ele mencionou o endividamento das famílias: “Há um estoque de endividamento alto nas famílias brasileiras. Muitos clientes ainda estão negativados e não conseguem voltar a consumir como antes. A desalavancagem precisa acontecer não apenas nas empresas, mas também nos consumidores.” Outro ponto levantado foi a dificuldade de concessão de crédito. “O varejo precisa se financiar para financiar o cliente, mas os altos juros e o acúmulo de dívidas estão estrangulando essa capacidade”.

Por fim, Serrentino encerrou com uma visão positiva para o futuro de que, “apesar de todos os desafios, o varejo brasileiro ainda tem muito espaço para crescer. O acumulado até junho de 2024 mostra que o setor cresceu 5%, muito acima do PIB e registrando a melhor taxa dos últimos 10 anos. Com o mercado de trabalho aquecido e a confiança do consumidor em alta, acredito que temos um bom cenário pela frente”.