Opinião

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Competindo com as máquinas e não contra as máquinas

*Por Márcio Tabach

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Márcio Tabach – Consultor da TGT Consult e analista líder do ISG Provider Lens™ Analytics

Muito se tem discutido no campo da ciência de dados e da inteligência artificial (IA) sobre os potenciais impactos negativos dessas novas tecnologias num futuro próximo. Muitos analistas expressam preocupação com a extinção de profissões e o desemprego em massa com a crescente disseminação da IA.

Dois exemplos recentes despertaram minha atenção para o fato de que o uso da IA pode vir a ter um desdobramento diferente dessas previsões. O campo de atuação que despertou o meu interesse pode soar controverso. Refiro-me ao trabalho dos DJs, que é apontado por muitos como fadado à extinção e, por outros, de natureza inviolável ao uso de IA por envolver criatividade. No entanto, convido você, leitor, a navegar por caminhos talvez desconhecidos, mas que lhe oferecerão novos pontos de vista sobre a relação dos profissionais e as máquinas.

O primeiro exemplo é uma tentativa de reproduzir o trabalho do DJ por meio de um robô comandado por algoritmos de IA. Trata-se do projeto denominado “AI DJ Project”, do coletivo de artistas japoneses Qosmo. Além das técnicas convencionais de mixagem, o AI DJ contou com um algoritmo para escolher a música a ser tocada com base em uma medição do quanto a plateia apreciava a música em execução. O robô foi capaz de medir o movimento das pessoas na pista de dança para saber se estavam dançando e, consequentemente, apreciando a música. Quando a resposta era positiva, o robô fazia escolhas semelhantes à música tocada para manter o clima na pista. Porém, o problema surgiu quando a resposta passou a ser negativa, pois nesta situação o robô passou a fazer escolhas com base em um fator randômico – o que gerou mais respostas negativas, levando à incerteza no processo de escolha da música seguinte.

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Incialmente pensado para ser um DJ de apoio, tocando em conjunto com um profissional de ‘carne e osso’ (no esquema conhecido como back-to-back), o AI DJ Project mostrou-se precisar de aperfeiçoamento para ser definitivamente adotado nas pistas de dança. O que não tira o mérito do experimento e do extraordinário trabalho do Qosmo. No entanto, um DJ 100% comandado por IA ainda me parece muito distante da realidade.

Já no meu segundo exemplo, trago pretensões mais modestas, porém com resultados melhores e que podem oferecer novas possibilidades ao trabalho de um DJ. Esse case é protagonizado pela empresa alemã Algoriddim, que desenvolveu um software de mixagem que contém um algoritmo chamado “Neural Mix”Ele é capaz de separar os elementos sonoros de uma determinada faixa de música. O DJ pode a qualquer momento dividir a bateria, a voz do cantor ou o acompanhamento instrumental da música e, assim, fazer mixagens inusitadas com os vocais de uma música e a bateria de outra, por exemplo.

O coach de DJs britânico Jamie Hartley (que têm centenas de milhares de seguidores em seu canal do Youtube) classificou esta inovação como algo que pode mudar o trabalho dos DJs para sempre. Hartley destaca que os DJs sempre procuraram por algo que pudesse fazer essa separação, usando recursos como o precário corte de sons graves e agudos.

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Esse produto já começou a ser comercializado e adotado por DJs. Concorrentes da Algoriddim já anunciaram que implementarão a tecnologia em seus produtos, comprovando que ela veio para ficar.

O que esses cases sugerem é que o uso da IA terá um papel muito maior em alavancar, melhorar e trazer produtividade ao trabalho humano, do que propriamente substituí-lo. A inteligência artificial também criará oportunidades de inovação até então impensadas. O desafio das sociedades será de romper barreiras comportamentais e de qualificação, para incorporar essa nova tecnologia no mundo do trabalho.

Como o campeão de xadrez Garry Kasparov destaca, devemos pensar muito mais em inteligência aumentada do que exclusivamente em IA. A inteligência aumentada combina o melhor das inteligências humana e artificial. Segundo ele, nós, os humanos, não nos tornaremos obsoletos, mas seremos promovidos.

 

*Márcio Tabach é consultor da TGT Consult e analista líder do ISG Provider Lens™ Analytics.

 

FONTE: Mondoni Press

 

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Inteligência Artificial como aliada estratégica para a redução de custos

*Por Fabrício Beltran

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Fabrício Beltran – Head de Inteligência Artificial da Nextcode

A relevância que a inovação tecnológica ganhou dentro do ambiente empresarial é resultado do processo de Transformação Digital, que vem mudando completamente a dinâmica de trabalho dentro das companhias. Até mesmo por isso, tornou-se comum o surgimento de novas soluções com o objetivo de melhorar entregas, produtos e elevar resultados para que as empresas consigam se destacar em meio à grande competitividade. Muito mais que um recurso, tais ferramentas revelam-se imprescindíveis para superar os desafios atuais.

Neste contexto, a presença cada vez mais efetiva da Inteligência Artificial no ambiente corporativo reveste-se de grande importância, sendo considerada, inclusive, uma aliada estratégica na redução de custos, melhoria da performance interna e aumento da produtividade. Mas não é apenas isso, a solução oferece, ainda, muitas outras vantagens, cujo impacto pode ser percebido em todos os departamentos das empresas.

Automatização de processos

Um dos principais problemas que afeta a produtividade das companhias é o grande número de processos repetitivos. Muitas empresas de variados segmentos ainda desenvolvem uma série de atividades de rotina manualmente. No entanto, com o auxílio da Inteligência Artificial, essa realidade pode ser mudada. Atualmente, existem várias soluções tecnológicas capazes de automatizar processos repetitivos no ambiente de trabalho.

Dessa forma, enquanto as máquinas desempenham essas atividades de forma automatizada, aprimorando entregas e resultados, as equipes podem focar em outras demandas mais estratégicas. Com isso, a empresa consegue gerir melhor seus recursos humanos e financeiros, além de reduzir custos com a contratação de novos profissionais.

 

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Análise de dados

É fato que a informação é um dos ativos mais valiosos para as companhias atualmente. Devido ao ambiente de extrema competitividade, conhecer os clientes, assim como seus padrões de consumo, é fundamental para propor ofertas mais assertivas ao perfil e às necessidades deles. E, com a Inteligência Artificial, já é possível analisar todas as camadas de informações automaticamente, graças a programas de software especializados nestes processos.

A partir da análise desses dados, os gestores conseguem extrair valiosos insights que os ajudarão a entender melhor o perfil dos consumidores e, a partir disso, traçar estratégias de prospecção mais eficientes. Essas informações permitem, ainda, que as empresas percebam, muitas vezes antecipadamente, as tendências de sua área de atuação e, como isso, consigam se preparar para aproveitar todas elas da melhor forma.

Machine Learning

É uma tecnologia utilizada para que máquinas tomem decisões não programadas previamente, com base em dados. Companhias como Facebook e Twitter já utilizam esse recurso para examinar as informações dos usuários, personalizar os anúncios e interpretar a reação do público ao entrar em contato com as peças publicitárias.

Para finalizar, é importante destacar o papel da tecnologia como grande aliada estratégica na redução de custos, melhoria dos processos de entregas e na tomada de decisões baseadas em dados. As inúmeras funcionalidades desses recursos otimizam a rotina de atividades das equipes, aumentando a produtividade e desempenho da companhia. Por isso, é imprescindível que as empresas invistam em Inteligência Artificial para não ficarem em desvantagem em relação às concorrentes que já fazem uso dessa solução e, principalmente, para aprimorar seus serviços e/ou produtos.

 

*Fabrício Beltran é Founder e Head de Inteligência Artificial da Nextcode. Formado em Tecnologia de Dados, com pós-graduação em Big Data e Desenvolvimento Móvel, o executivo possui vasta experiência com projetos voltados à tecnologia e inovação.

 

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Os 3 principais ciclos de testes integrados para uma implementação ERP de sucesso

*Por Paulo D. T. Silveira

A realização de testes integrados é um fator chave em uma implementação de ERP. Os testes integrados simulam a adequação da solução construída para a operação da empresa. Testes integrados em um ambiente de projeto ERP são um dos pontos mais relevantes da implementação, e tem como finalidade mitigar os riscos de implementação. Sem aprovação dos resultados dos testes integrados, uma empresa não deve fazer o Go Live.

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Paulo Silveira – Sócio-diretor da TGT Consult e analista de risco em projetos de implementação de ERP.

Os testes devem utilizar massas de dados simulados e dados reais, conforme o nível de preparação de dados e o ciclo do teste. A realização de testes funcionais se compõe de três processos principais: planejamento, execução e correção de defeitos. A criação de cenários de testes de acordo com os processos de negócios denominados tests scripts é fundamental para avaliar a integração do processo, aspecto chave do ERP.

Após várias experiências de implementação e estratégias de testes, com base em experiência empírica em Projetos de implantação de ERP em diversos segmentos, chega-se

à conclusão de um cenário recomendado de realização de 3 ciclos de testes com objetivos distintos. Deve-se considerar como premissa para a realização de testes integrados a realização de testes unitários durante a fase anterior do projeto (construção ou parametrização).

Um processo adequado de condução de testes integrados considera os seguintes ciclos, sendo eles:

CICLO I – normalmente neste ciclo são realizados testes integrados com maior número de funcionalidades possíveis, utilizando dados fictícios com o objetivo de avaliar todo o ciclo de processos, como por exemplo, da requisição de uma compra até a contabilização correta da transação e pagamento da fatura, com respectivo impacto na tesouraria, ou de um pedido de cliente até o depósito no caixa da empresa.

Um mínimo de 60% de precisão (ou resultado positivo) é requerido neste teste, com tempo de execução dentro do planejado. O planejamento de tempo para execução de teste deve ser um parâmetro a ser considerado na verificação de sucesso do teste. Se o teste ultrapassa o tempo planejado sem ter alcançado este padrão mínimo de 60% de aprovação funcional, o sinal é de que o ciclo do teste se esgotou e não teve sucesso, devendo ser desconsiderado. Neste caso o teste deve ser repetido, desde o planejamento até a sua análise. Resumidamente, o CICLO I tem como objetivo a verificação funcional integrada da solução para cenários limitados de negócio (cenários são alternativas de execução de um processo de negócio). As razões de falhas de testes podem ser:

  • Scripts mal planejados,

  • Pessoas não focadas e não qualificadas para o ambiente de teste. Recomenda-se que testes sejam realizados por Key Users da empresa,

  • Organização de projeto com atividades paralelas aos testes (desenvolvimentos, parametrizações paralelas, por exemplo).

  • Dados inadequados, insuficientes ou sem consistência.

 

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CICLO II – o objetivo dessa segunda fase deve considerar dois fatores simultâneos: realizar testes em funções não aprovadas no CICLO I e a utilização de dados mestres reais (desde fornecedor até cliente, passando por produtos etc.). Deve ser feito para todos os cenários relevantes de negócio. Tem-se uma complexidade maior, pois se trata de simulação real. Para tanto, os dados devem ser saneados e precisos. Espera-se que este ciclo tenha aprovação de pelo menos 80%, sendo realizado dentro do tempo planejado. Da mesma forma que o CICLO anterior, o CICLO II deve ser planejado (scripts, cronograma específico etc.), ter uma equipe focada e protagonismo na realização através dos Key Users. Resumidamente o CICLO II tem como objetivo o teste funcional integrado para todos os cenários chave do negócio, ou seja, simula-se a operação regular.

CICLO III – eventualmente pode ocorrer dentro do ambiente de produção, o que indica segurança máxima em caso de aprovação dos resultados do teste. Também as atividades de performance de telecomunicação e condições da infraestrutura podem se aproveitar deste momento de testes. O CICLO III tem como objetivo avaliar funções críticas remanescentes do ciclo II e testar cenários de negócio de menor incidência nas operações da empresa. O CICLO III pode apresentar fatores relevantes para o Go Live da operação e não pode ser desconsiderado.

Os ciclos de testes devem ser cuidadosamente planejados, desde a preparação de scripts até o ritual organizacional adequado (equipes de testes identificados, especialistas funcionais – Key Users envolvidos). É importante ressaltar que a participação deve ser protagonizada pelos Key Users, pois trata-se de um ritual diferenciado dentro do projeto. A não participação nos testes por parte dos Key Users desqualifica o teste.

Outra condição básica é a utilização de dados saneados e definitivos da organização. Quaisquer métodos de implementação (Waterfall, Agile ou Activate no caso SAP) devem considerar os conceitos aqui apresentados para a realização de testes integrados. Um ciclo de teste não pode ser executado em um prazo inferior a 8 dias e deve ter um limite máximo entre 20 e 30 dias, mesmo para operações complexas. Estender a execução do teste acima deste limite máximo é sinal de insucesso. Além do tempo de execução mencionado anteriormente, deve-se considerar o tempo de análise e preparação entre ciclos. Ou seja, realizar em um novo ciclo de testes sem analisar os resultados do ciclo anterior ou não preparar scripts para as diferentes funcionalidades e cenários é inócuo para o projeto.

A duração do ciclo de teste deve ser razoável dentro dos padrões aqui mencionados. Por exemplo, um teste Requisition to Payment (da Requisição ao Pagamento) deve ser em função das quantidades diferentes de cenários. Novamente, o tempo excessivo para a realização dos testes é sinal de insucesso, além do próprio resultado incorreto. Testes integrados sem sucesso devem ser repetidos.

Paulo D. T. Silveira é sócio-diretor da TGT Consult e analista de risco em projetos de implementação de ERP.

 

 

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Canteiro digital: como a tecnologia está acelerando os processos da construção

Jean Ferrari, fundador da construtech FastBuilt. Foto: Daniel Zimmermann

Por Jean Ferrari*

Processos digitalizados estão otimizando o dia a dia de diversas atividades econômicas e colaborando com a melhor experiência de compra dos consumidores. E no setor da construção isso também vem acontecendo de forma cada vez mais efetiva.

É cada vez mais comum o acesso e visitação a empreendimentos via ambiente remoto, e até mesmo assinatura de contratos online.

Porém, mais do que isso, hoje em dia é possível acompanhar e controlar todos os passos de uma obra através de aplicativos e inovações, capazes também de registrar dados, gerar informações e abastecer engenheiros e gestores em momentos de tomada de decisão. É desta forma que as tecnologias entram como parte estratégica para quem deseja somar qualidade e economia em projetos do ramo da construção.

Algumas dificuldades costumam fazer parte da rotina normal de quem atua da construção civil, são elas: administração das taxas de juros elevadas, inadimplência dos clientes, falta de capital de giro, excesso de burocracia, entre outros.

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Atendendo muitos desses desafios de quem atua no setor, podemos dizer que, por meio da tecnologia é possível centralizar documentações em um único lugar, administrar os profissionais envolvidos na obra, gerir a documentação desses profissionais, calcular e controlar insumos, determinar prazos e alterações, além claro, de apresentar todas essas questões de forma prática em eventuais reuniões e apresentações de prestações de contas.

E se a tecnologia auxilia toda a jornada do desenvolvimento da obra, é ela que também arquiva cada detalhe, viabilizando a construção de um documento importantíssimo para quem precisa disponibilizar o “Manual do Proprietário” – conteúdo que é fornecido aos clientes no pós-vendas, agora também na sua versão digital.

Com essa forma digitalizada de trabalhar, o Manual do Proprietário no formato digital se apresenta ainda mais completo e assertivo, já que todo o andamento da obra foi registrado desde o começo, a passo a passo, em um ambiente virtual.

A facilidade de ter o documento online traz uma riqueza de dados nunca vista por este mercado antes. Informações essenciais também para outros atores do segmento, além do proprietário, como o síndico, por exemplo. Afinal, a manutenção predial é uma constante e precisa ser documentada. Seu histórico e dados confiáveis sobre insumos utilizados facilitam não só a continuidade do processo de manutenção, como também o compliance para o condomínio e a prestação de contas transparente e completa.  Concentrando informações que podem ser relevantes para assistência técnica, ocorrências e mudanças em projetos, além de economia de tempo e trabalho, uma vez que o conteúdo é construído lado a lado com a obra.

Controle financeiro

Mas, não falamos apenas de simplicidade e acesso facilitado quando tratamos de digitalização na construção. Nos dias atuais há outro assunto que abrilhanta os olhos de quem trabalha com construção civil: gestão de custos, especialmente em relação à manutenção predial.

Seguindo nosso segundo ano em pandemia, a inevitável alta dos preços também chegou no mercado da construção e trouxe uma avalanche de números preocupantes, especialmente para construtoras.

De acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção, em fevereiro de 2021 este mercado sofreu uma alta de 1,89%, maior recorde desde junho de 2016, 1,93%. Com isso, os gastos com mão de obra ficaram praticamente estáveis, com variação de 0,12%. Os materiais e equipamentos também passaram por uma alta de 4,38%, maior aumento desde novembro de 2002, que foi de 4,41%.

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Neste quesito a tecnologia também pode ter um papel fundamental no direcionamento dos gastos, detalhando para os gestores todos os subsídios de uma obra, desde fornecedores até o uso de itens básicos no dia a dia.

Devido a pandemia a falta de produtos e alta de preços tem sido tema bastante em pauta nas noticias sobre o mercado da construção. Por esta razão, é extremamente importante que engenheiros e construtoras possam ter visão de onde estão empregando suas verbas e quais materiais estão impedindo que a rotina do dia a dia aconteça no fluxo esperado.

Tendência

Além da parte econômica e gerencial, ter a tecnologia a favor dos gestores de obra viabiliza outro assunto extremamente importante nos dias atuais: a transparência. Isso significa ter informações em mãos para tratar isso diretamente com os diversos públicos envolvidos na sua atuação, seja você um engenheiro com atuação individual ou uma grande construtora em ascensão.

A tecnologia contribui ainda com outra tendência importante para o mercado da construção: a sustentabilidade. E aqui entram pontos ligados ao uso consciente das matérias-primas, dos espaços e também da energia renovável. Todas essas questões pedem avaliação, estudo e acompanhamento dos gestores.

Como podemos ver a transformação digital no canteiro de obras já é uma realidade fundamentada que segue um fluxo cultural, ou seja, que avança cada dia mais conforme o entendimento das pessoas – clientes, fornecedores, construtores, etc.

Muitos já entenderam este recado, outros terão que se render a essa tendência, mas isso é só uma questão de tempo.

*Jean Ferrari é CEO da construtech FastBuilt

Fonte: Trevo Comunicação

 

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Segurança Eletrônica no combate ao novo mal da pandemia, os roubos de vacinas

Por Selma Migliori*

O cenário da pandemia no Brasil voltou a surpreender. Por um lado, comemoramos o início da campanha de vacinação – decisiva para o retorno completo às atividades presenciais. Por outro, observamos o agravamento do número de mortes e internações por Covid, no que a Fiocruz classifica como o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil. Nesse momento, o mais importante é contribuir para a reversão desse quadro, entendendo o papel de cada um. Assim, abordaremos como a Segurança Eletrônica pode fazer parte da solução.

Nas últimas semanas nos deparamos com notícias que evidenciam que, além de uma emergência médica e social, para a segurança eletrônica esta é uma emergência tecnológica. Por exemplo, enquanto cidades brasileiras interrompem a imunização por falta de doses, no Espírito Santo, uma criança desligou o relógio de luz durante uma brincadeira e, com isso, interrompeu o sistema de refrigeração de vacinas, inutilizando 133 doses de Coronavac.

Há um ano atrás o segmento se reinventou e adaptou as tecnologias para atender demandas que surgiram no período e que exigiram muito das câmeras termográficas, controle de acesso e portarias remotas. Agora, surgem novos – e mais complexos – desafios e, novamente, entra em cena a essencialidade da Segurança Eletrônica para superá-los, colaborando diretamente com o setor público para a escalabilidade de soluções.

Assim, as mesmas câmeras de videomonitoramento que capturaram a cena poderiam integrar analíticos de vídeo que identificassem a invasão deste espaço restrito e imediatamente enviassem um alerta para a equipe de segurança municipal que poderia intervir de forma proativa neste momento em que cada vacina importa. Ou ainda, um controle de acesso com reconhecimento facial que garantisse a inviolabilidade desse ambiente crítico.

Este caso é emblemático, mas não é o único. Em São Paulo, criminosos invadiram uma Unidade Básica de Saúde em Campo Limpo Paulista e furtaram R$ 60 mil em testes de Covid-19, máscaras, estetoscópios, televisões e computadores. Ou ainda o roubo de 98 doses da vacina contra a Covid-19 de uma UBS na Zona Sul de São Paulo.

Com festas clandestinas acontecendo, o aumento da violência doméstica e as ocorrências diárias em todos os munícipios, é impossível deslocar uma equipe de segurança pública para ficar 24 horas em cada local de vacinação. No entanto, a tecnologia está disponível 24×7, sempre pronta, para agir nessas ocasiões inesperadas, mas que devem ser previstas. Desta forma, para este e outros problemas sociais, a segurança eletrônica é parte da solução.

*Selma Migliori é presidente da ABESE – Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança

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Como iniciar uma carreira em TI?

Por Priscilla Mariano

O mercado de tecnologia está mais aquecido do que nunca. Ao mesmo tempo em que a demanda por profissionais do ramo vem aumentando cada vez mais por empresas de todo segmento – especialmente devido à transformação digital impulsionada pela pandemia – o interesse em ingressar nessa área vem se tornando altamente popular entre os jovens.

Priscilla Mariano – Diretora acadêmica na escola de tecnologia Skill Lab Brasil.

Segundo dados do Banco Mundial, a expectativa é de que até 2024 haja a criação de novas 420 mil vagas na área de Tecnologia da Informação. As perspectivas para esse setor são muito positivas, contudo, este mercado também vem enfrentando um contraste preocupante: uma dificuldade de contratação.

A alta competitividade do mundo corporativo impulsionada pela pandemia, gerou um aumento da rigorosidade da contratação de profissionais de TI cada vez mais qualificados e preparados para lidar com as constantes transformações e mudanças características desse mercado. Inclusive, isso vem acontecendo em organizações que não operam diretamente no setor de tecnologia, mas que necessitam desses profissionais para digitalizarem seus processos e atenderem as demandas de seus clientes de forma online.

As possibilidades de crescimento e destaque para quem trabalha nesse ramo são enormes – mas para isso, é necessário construir uma jornada assertiva desde o momento de ingresso na universidade. Existem muitos caminhos e escolhas a serem tomadas para se tornar um profissional de TI, e uma decisão errada pode impedi-lo de conquistar grandes oportunidades.

Para quem está começando a construir uma carreira em TI, o primeiro passo é definir a área de especialização desejada. Existem diversas possibilidades de atuação no mercado, cada uma com suas necessidades e exigências de conhecimentos e habilidades – portanto, escolha a que lhe chamar maior atenção e invista em se aprofundar.

Em todas elas, alguns conhecimentos que podem servir como base de aprendizado são: linguagem de programação (Python, JavaScript, PHP); design de experiência do usuário; HTML e CSS; Git, Unity e SQL; e protocolos de segurança virtual.

Com esse objetivo em mente, trace o caminho certo para conquistá-lo. Busque por cursos complementares específicos sobre o que deseja aprender, eles são ótimas fontes de especialização com propostas flexíveis e tão eficientes quanto as ementas universitárias.

Agora, não podemos falar sobre investir nos estudos sem incluir o aprendizado em línguas estrangeiras – principalmente o inglês. Boa parte das tecnologias e sistemas usados no dia a dia dos profissionais vêm do exterior, e portanto, são programados e escritos em outra língua. É impossível trabalhar nessa área sem ter esse conhecimento, então invista nele desde cedo.

Por fim, nunca deixe de praticar tudo o que aprender. O setor de tecnologia está em constante evolução e transformação, e ficar desatualizado frente a tantas mudanças não é uma opção.

Um profissional de TI deve ser um entusiasta nato, curioso e proativo. Essa área é uma mina de ouro para quem deseja de aventurar, com amplas oportunidades de crescimento especialmente nessa era de inclusão digital. Para aqueles que desejam iniciar uma carreira no setor, o planejamento e aprendizado constante são as grandes chaves para o sucesso.

*Priscilla Mariano é diretora acadêmica na escola de tecnologia Skill Lab Brasil.

 

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A criação do governo digital

Por Francisco Gomes Junior*

Estamos caminhando para que a sociedade seja cada vez mais digital. Hoje, conversamos por aplicativos, enviamos vídeos e áudios, construímos perfis para redes sociais, fazemos pagamentos e utilizamos a internet para operações bancárias, investimentos e até para aquisição de criptomoedas. Os serviços são cada vez mais prestados por plataformas virtuais.

Diante desse cenário irreversível de digitalização social, alguns países criaram legislações para que o governo também seja digital. Um exemplo bem-sucedido é o da Estônia, que criou o e-gov, conceito onde mais de 500 serviços públicos são realizados pela Internet, desde o registro do nascimento de um filho, o agendamento de uma consulta médica, a abertura de uma empresa, entre tantos outros serviços disponíveis. Após a Estônia, outros países europeus estão em transformação para e-gov.

O Brasil acaba de entrar nesse rol de países que apostam na digitalização de serviços. Foi sancionada a Lei n. 14.129 de 29/03/21 que cria o Governo Digital, estabelecendo regras e procedimentos para a prestação online dos serviços públicos, que deverão ser acessados por aplicativos para computadores e celulares.

A Lei foi sancionada com alguns vetos, que serão posteriormente apreciados e votados pelos Congressistas. O projeto de lei é de autoria do deputado Alessandro Molon e foi relatado no Senado por Rodrigo Cunha. O objetivo é o de transformar os serviços prestados pelos órgãos públicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) em digitais, propiciando eficiência, maior agilidade e qualidade para a população que busca os serviços públicos.

O Governo Digital tem como objetivo diminuir burocracias, disponibilizar em plataforma única o acesso às informações e aos serviços públicos, além de possibilitar a todos os cidadãos acessar os serviços, sem a necessidade de solicitação presencial. A prestação do serviço pelo meio digital possibilitará ainda a transparência na execução e monitoramento sobre a qualidade da prestação, substituindo processos manuais pelo uso da tecnologia.

Haverá uma base nacional de serviços públicos e uma plataforma única para acesso às informações. Na plataforma ficará disponível uma base de dados abertos, os dados gerados ou acumulados pelos entes públicos que não estejam sob sigilo ou sob restrições de acesso nos termos da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que deverão contemplar basicamente dados cadastrais. Este ponto ainda deverá suscitar discussões sobretudo pela abertura de dados pessoais.

Os processos administrativos também serão todos eletrônicos, fazendo com que os cidadãos utilizem assinatura eletrônica, desde que respeitados parâmetros de autenticidade.

O cidadão terá a garantia de que o atendimento nas plataformas digitais será gratuito, de que os procedimentos serão padronizados não cabendo nenhuma exigência fora desses padrões e ainda poderá indicar o canal preferencial de comunicação para o recebimento de notificações, mensagens e outros avisos.

A criação do Governo Digital coloca o Brasil no patamar de nações avançadas. Há uma tendência irreversível de que os serviços públicos sejam prestados digitalmente e, caso a implementação se mostre adequada e acessível a toda população, teremos uma melhoria de qualidade na prestação dos serviços públicos, sempre bastante criticados.

*Francisco Gomes Júnior é advogado sócio da OGF Advogados, formado pela PUC-SP, pós-graduado em Direito de Telecomunicações pela UNB e Processo Civil pela GV Law – Fundação Getúlio Vargas. Foi Presidente da Comissão de Ética Empresarial e da Comissão de Direito Empresarial na OAB. 

Como a Inteligência Artificial está transformando o relacionamento com o cliente?

* Por Claudevaldo Sá e Karina Coelho

A pandemia impôs uma série de dificuldades na relação entre empresas e clientes. Com o isolamento social, a tecnologia se tornou o único meio disponível para manter a comunicação entre as partes. Como consequência, temos visto uma série de tecnologias ganhando força para conectar e humanizar o relacionamento.

Claudevaldo Sá – Head de CS and CX na Pontaltech

Uma delas são as famosas “máquinas inteligentes”, capazes de simular o raciocínio humano e desempenhar atividades complexas de forma autônoma. Muito mais do que automatizar os processos internos, a Inteligência Artificial tem sido uma grande aliada em um objetivo muito importante para qualquer empresa: estreitar o relacionamento com os clientes, apresentando soluções ágeis.

Inteligência Artificial nas empresas

Pode parecer contraditório pensar que um sistema pode ajudar nessa tarefa, mas isso já é uma realidade vista e aplicada com sucesso em diversas organizações. Em um estudo feito pela Infosys com empresas do mundo inteiro, 60% delas afirmam que estão reforçando sua estrutura de tecnologia – e quase metade está buscando parceiros externos para auxiliar na adoção da Inteligência Artificial.

Karina Coelho – Head de Customer Success na Pontaltech

A união da implantação desses sistemas com o trabalho conjunto de profissionais qualificados é a fórmula perfeita para conquistar esse objetivo. Isso porque ao ser implantada, essa tecnologia permitirá a criação de soluções que permitam o monitoramento das interações em tempo real para atender rapidamente as necessidades e aspirações do cliente – e até mesmo antecipar possíveis problemas que possam surgir.

Bots e sua contribuição no atendimento ao cliente

Como exemplo, os robôs de atendimento, mais conhecidos como bots, são capazes de realizar diversas tarefas, desde atender simples uma triagem até operações mais complexas como multi-atendimentos e avaliação de perfil de investimentos. A expectativa em torno deles é tão alta que, de acordo com um estudo da consultoria Markets and Markets, o mercado de interfaces conversacionais deve movimentar US$ 17,4 bilhões globalmente até 2024.

A grande vantagem desses robôs é que eles são versáteis e capazes de identificar padrões que ajudam a entender melhor a necessidade do cliente e conduzi-lo para a jornada ideal – uma capacidade incrível de adaptação com base no aprendizado. Isso prova que, na verdade, a tecnologia vem para somar, eliminando o trabalho repetitivo e desgastante para que os humanos possam se debruçar em tarefas cognitivas mais relevantes.

Cada vez mais as empresas têm visto as vantagens dessa tecnologia, e provando que essa é uma tendência que veio para ficar. Segundo a Forrester, empresa especializada em customer experience, 42% dos executivos já têm o relacionamento com os clientes como prioridade.

Um outro estudo, do Gartner, mostrou que cerca de 28% dos profissionais de marketing acreditam que Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina são as tecnologias que vão orientar o futuro do relacionamento com o cliente. Esses dados mostram que a tecnologia está cada vez mais trabalhando a favor da construção de uma sólida relação entre empresas e clientes. E essa é uma jornada que está apenas começando.

Em suma, o uso de sistemas sofisticados de Inteligência Artificial é uma tendência que veio para ficar e mudar para sempre a maneira como as marcas se relacionam com seus consumidores. Empresas que se preocupam em entender o perfil de seus clientes para oferecer um atendimento personalizado, rápido e humanizado têm a solução certa para se destacar num mercado cada vez mais competitivo e marcado por clientes extremamente exigentes.

 

*Claudevaldo Sá é Head de CS and CX na Pontaltech

Karina Coelho é Head de Customer Success na Pontaltech

 

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Criptomoedas no alvo dos hackers: saiba como se proteger dessa ameaça

Por Marijus Briedis *

Por muito tempo, imaginava-se que a tentativa de ataque cibernético às criptomoedas fosse praticamente impossível. Afinal, a informação viajava pela web em cadeias de blocos (os blockchains), cada um com código matemático e encriptação. Entretanto, não é bem assim. Os hackers se notabilizam justamente por conseguirem encontrar brechas em diversos sistemas e soluções. Apenas em 2020, dados da plataforma Slowmist Hacked, que contabiliza ataques a projetos vinculados a blockchain, calculam uma perda de US$ 3 bilhões em carteiras digitais por conta desses ataques. Por isso, é preciso buscar alternativas para melhorar a segurança de seus ativos digitais. Confira:

Marijus Briedis – CTO da NordSecurity,

1 – Proteja sua navegação

Toda a movimentação referente às criptomoedas acontece total ou parcialmente pela internet, seja para transferir as moedas digitais ou simplesmente armazená-las. Assim, o primeiro passo é proteger a navegação de seus dispositivos, dificultando a ação de cibercriminosos e a identificação de dados de acesso à wallet. A melhor alternativa nesse caso é adquirir um serviço de VPN, que consegue encriptar o tráfego e garantir que as informações naveguem com privacidade e segurança, além de estender a proteção aos demais equipamentos e sistemas operacionais que eventualmente são utilizados para esse fim.

2 – Utilize várias camadas de segurança

Toda transação de criptomoeda envolve um processo de autenticação. Por meio dele, é possível ver se é o usuário certo que está acessando a informação e/ou a quantia naquela corrente de blocos. As principais exchanges digitais oferecem diversos procedimentos de segurança para evitar riscos de ataques a transações. Mas o próprio usuário pode criar seus métodos, colocando senhas para autorizar cada movimentação em sua rede e sistema operacional – dificultando ainda mais a vida de quem tenta acessar remotamente.

3 – Escolha uma exchange digital adequada

O segundo tópico automaticamente leva ao terceiro: a necessidade de encontrar uma exchange digital que seja confiável e capaz de proteger todos os ativos. Seu funcionamento é bastante similar à bolsa de valores: são nelas que as pessoas negociam suas moedas digitais – portanto, o volume financeiro é gigantesco. Antes de negociar, recomenda-se observar as regras e boas práticas de segurança, a tecnologia utilizada e até se houve algum incidente de vazamento de informações e/ou roubos cibernéticos. É uma medida simples que evita dores de cabeça no futuro.

4 – Tenha cuidado com as wallets

Da mesma forma que existe algo simular com a bolsa de valores no universo das criptomoedas, é preciso ter uma conta para conseguir negociar no ambiente virtual. No caso, são as wallets. Elas servem para armazenar e transferir as moedas digitais. Além de escolher serviços de empresas sérias, é preciso ficar atento às características. Afinal, existe a hot wallet, que atua de forma on-line, e a cold wallet, que é off-line. A primeira é indicada para transações, mas é mais visada por cibercriminosos; a segunda é destinada a armazenamento, mas pode ser comprometida por falhas de segurança no dispositivo. Portanto, ambas têm peculiaridades de segurança que precisam ser levadas em consideração pelo usuário.

5 – Faça cópias sempre que possível

Não importa a função, o setor ou a necessidade. Quando o assunto é proteção digital, o bom e velho backup segue como excelente alternativa para mitigar prejuízos causados pelos ataques cibernéticos. No caso das moedas digitais, ele possibilita que o usuário tenha cópias de suas informações/valores inseridas na wallet. Não há um prazo recomendado, mas o ideal é que seja uma prática rotineira e frequente, até mesmo com a impressão física das chaves de autenticação e acesso no caso de perda do arquivo virtual.

 

*Marijus Briedis é CTO da NordSecurity, empresa especializada em soluções de privacidade, segurança e rede privada virtual (VPN) 

 

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Mercado de tecnologia começa a abrir caminho na bolsa de valores

*Por Diogo Lupinari 

Uma das principais preocupações de quem empreende com tecnologia no Brasil é encontrar recursos financeiros que sustentem o crescimento da empresa. Há diversas fontes disponíveis atualmente: investidores-anjo, venture capitals e até financiamentos coletivos on-line. Cada uma dessas modalidades atende a objetivos, etapas e perfis distintos. Para as já  consolidadas, outra forma começa a ganhar corpo no Brasil (ainda que timidamente): a bolsa de valores, ou seja, abrir o capital a fim de que diferentes investidores possam comprar ações e, assim, levantar uma boa quantia para investir no negócio.

Diogo Lupinari – CEO e cofundador da Wevo

Isso se dá por um processo conhecido como IPO (initial public offering, ou oferta pública inicial), que é basicamente a venda inicial de ações. Recentemente, três empresas ligadas ao universo de tecnologia no Brasil se prepararam para entrar na B3: o brechó on-line Enjoei, a loja virtual de vinhos Wine e a gestora de cupons de desconto e cashback Méliuz. A tendência é atrair mais empresas de soluções tecnológicas, uma vez que dados da operadora da bolsa no Brasil mostram que já foram levantados mais de R$ 66 bilhões em vendas de novas ações apenas em 2020, com previsão de ultrapassar a marca de R$ 90 bilhões registrados em 2019.

Não se trata de novidade, evidentemente. A B3 já tem opções interessantes de empresas no setor de tecnologia, como a Totvs, Linx, Sinqia e B2W. Além disso, há outros nomes do varejo que estão cada vez mais próximos da área de TI, como a Magazine Luiza. Nesse sentido, é preciso reconhecer que o e-commerce, ainda que na teoria seja um canal de vendas do varejo, na prática as maiores operações têm tanta maturidade na aplicação de soluções tecnológicas que seria injusto não caracterizá-las como tech players. Como se vê, a modalidade está atraindo mais empresas, mas de fato já existia há algum tempo.

É um movimento diferente do realizado por outras empresas brasileiras de tecnologia, que fizeram IPO na Nasdaq, a bolsa de valores norte-americana voltada ao universo tech. Afinal, nem todo negócio tem pretensão ou característica para se tornar global. Muitas startups surgem para atender a mercados locais e virarem líderes apenas naquele território. Além disso, ainda que o volume de investidores na B3 seja uma fração ainda pequena, nota-se um crescimento constante de novas pessoas que aplicam na bolsa – o que certamente atrai empresas interessadas em ampliar seus investimentos.

No fim, é uma forma a mais de lidar com o problema citado no início do texto. As startups precisam ter acesso a capital para crescerem. Dependendo do estágio de maturidade do negócio, existem opções que podem fazer mais sentido tanto para o empreendedor quanto para os investidores. Os venture capitals, por exemplo, já são uma forma de disponibilizar capital maduro às empresas de tecnologia, uma vez que os mecanismos de acesso a esse recurso, as faixas de valores e a necessidade de maturidade da companhia são variáveis conhecidas e difundidas.

No caso da bolsa de valores, o mercado de tecnologia ainda precisa lançar mais empresas para que esse caminho seja tão popular quanto as demais opções. Porém, o primeiro passo já foi dado com a entrada dessas novas companhias na fila de espera para fazer IPO na B3. Elas terão o desafio de abrandar o espírito dos investidores e mostrar que o mercado de tecnologia, apesar de se transformar constantemente, também pode ser bem lucrativo.

*Diogo Lupinari é CEO e cofundador da Wevo, empresa especializada em integração de sistemas e dados.

 

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