Opinião

Inteligência Artificial e Gestão Talentos – Atrair, Reter e Alavancar

Por Florian Scheibmayr

Ao longo dos últimos anos as ciências exatas avançaram também aos departamentos de Recursos Humanos, área que resistiu longamente ao que já era fato nos outros setores empresariais – a hegemonia dos dados e das conclusões tiradas a partir de fatos e evidências.

Florian Scheibmayr – Consultor da TGT Consult

Hoje as plataformas modernas de Gestão de Capital Humano (HCM) ou Gestão da Experiência Humana (HXM), além da cobertura dos processos tradicionais de RH, já oferecem vários algoritmos que auxiliam e facilitam o trabalho desses gestores. Porém, parece que há uma lacuna nestas ferramentas, pois empregam algoritmos, muitas vezes já empregando Inteligência Artificial (IA), primordialmente na atração do talento, isto é, em mecanismos de busca e triagem, e na retenção em ofertas de treinamentos, aprendizagens, caminhos de carreiras e níveis de satisfação, mas pouco no que deveria ser o lógico, no uso do talento dentro no contexto da criação de valor da empresa.

Talento humano é, para muitas empresas, aquilo que a diferencia dos outros.
E por outro lado, seu principal centro de custo. Por que, então, não temos melhores ferramentas analíticas para o emprego dos nossos talentos?
Não se trata das ferramentas de gestão de força de trabalho tradicionais, com a divisão em turmas, cobertura de férias, definição de níveis hierárquicos e caminhos de escalação, mas um gerenciamento de talentos numa granularidade individual. Um determinado gestor pode ser ótimo em tempos regulares, e se desespera frente ao caos. Já outro, somente mostra sua total competência e valor em situações caóticas. Há profissionais que negociam bem, outros sabem motivar a equipe, um é detalhista, um outro visionário. Todas essas habilidades e competências podem fazer a diferença, quando usados na hora e ocasião certas.

Qual executivo não gostaria ter um painel de informação interativo dos seus talentos, informando a em real time sua alocação, respondendo a inquietação se estes recursos valiosos estão alocados no melhor lugar onde eles podem agregar o maior valor e diferenciação? Ou no sentido oposto, saber qual é o nível de restrição, como, por exemplo, carga de trabalho, níveis de fadiga mental ou estresse. Compondo desta maneira, qual é a verdadeira força que a empresa tem ao seu dispor e com quais suas reservas. Esta informação, aplicada a capacidades técnicas, é o dia-dia para os profissionais de Supply Chain, ou para usar o nome mais contemporâneo, Planejamento Integrado de Negócios (IBP – Integrated Business Planning).

Acreditamos que aqui há um amplo espaço para a evolução das ferramentas HCM e HXM, empregando técnicas de AI e machine learning como um suporte de decisão de pessoal. Essas tecnologias podem processar evidências que permitirão auxiliar num melhor aproveitamento de talentos e avaliação dos colaboradores, uma vez que elas não contam com as subjetividades presentes na análise da ótica humana.

Já existem algumas iniciativas interessantes para explorar este campo, como, por exemplo, no mundo de Contact Center, o behaviorial pairing, que é um mecanismo que seleciona ao nível de indivíduo qual o melhor agente de atendimento para cada cliente.  Pode ser um bom início, para um mercado carente por capturar o valor da melhor utilização de seus talentos, onde ele faz a maior diferença.

*Florian Scheibmayr é consultor da TGT Consult, empresa brasileira de pesquisa e consultoria em tecnologia.

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IA e Machine Learning: Os desafios de implementar as tecnologias do momento

Eduardo Medeiros

De acordo com uma pesquisa divulgada pela McKinsey, para as empresas líderes em tecnologia, o maior desafio está na pressão para criar uma arquitetura moderna de dados, que alavanque suas estratégias de transformação digital e IA. Uma vez que os dados também são o input para que a Machine Learning aconteça o mesmo vale para as demandas que envolvem esta tecnologia que visam atender a velocidade das mudanças do mercado atual.

Eduardo Medeiros – Cloud Services Director na BRLink

Segundo este briefing executivo, em apenas 2 meses de pandemia avançamos mais de 5 anos na adoção da transformação digital, e certamente este será um caminho sem volta. As empresas que queiram sobreviver neste cenário precisam encarar esta realidade e trabalhar rápido para habilitar seus negócios a esta nova realidade.

Em conformidade com uma pesquisa global realizada pelo IEEE – Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, as tecnologias de destaque deste ano serão a Inteligência Artificial e a Machine Learning. Um recente relatório publicado pelo Gartner corrobora com tais dados. Segundo o estudo, mesmo diante da crise causada pelo Novo Coronavírus, 42% das empresas não modificaram seus projetos e 24% das entidades ampliaram os investimentos em IA.

Embora estes dados evidenciem a aceleração da transformação digital e o crescente avanço tecnológico que impacta o mundo nos últimos tempos, é importante ressaltarmos que as iniciativas que envolvem estas tecnologias são repletas de desafios. Um levantamento realizado pela IDC, revelou que somente em torno de 30% das empresas declaram índice de sucesso de 90% para os projetos de Inteligência Artificial, ao passo que 3% relatam que mais de 50% de seus projetos terminaram em fracasso.

Outro obstáculo encontrado pelas organizações, é a ausência de profissionais especializados no mercado. Embora recentemente o Gartner tenha relatado que a falta de talentos na área é um mito, o briefing executivo da McKinsey mencionou que em conformidade com algumas estimativas, menos de dez mil pessoas possuem as habilidades necessárias para atender problemas graves de IA.

Além dos contratempos já citados, é necessário apontarmos para o fato de que a construção de projetos e modelos de Machine Learning e Inteligência Artificial são processos que carecem de extrema atenção, esforço e, principalmente, conhecimento de negócio. É seguro afirmarmos que a estruturação de um algoritmo pode prolongar-se por mais de meio ano. Em adição a isto é fundamental para habilitar todo o potencial de AI partir como base uma arquitetura moderna em Nuvem e com alta presença de automação e monitoração logo desde sua criação.

Como solução, dentre as poucas maneiras para as empresas reduzirem as dificuldades que prejudicam a implementação de IA e ML, e o tempo de execução dos projetos, então o aumento no investimento em estudos e inovação. Também é essencial a aplicação em infraestrutura e capital humano de modo a expandir a base de profissionais aptos para operarem na área.

A BRLink investiu nos últimos 3 anos na criação de uma oferta para projetos envolvendo Data & Analytics e Inteligência Artificial contratando cientistas e engenheiros de dados, além de especialistas em nuvem nestas tecnologias e a área vem crescendo muito ano a ano e habilitando empresas nesta nova era de negócios.

*Eduardo Medeiros é Cloud Services Director na BRLink

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O futuro pertence ao omnichannel e à logística urbana sustentável

*Por Ronaldo Fernandes da Silva

O que faz uma empresa ganhar credibilidade no mercado? Antigamente, diríamos que envolvia apenas preços competitivos. Hoje, isso está diretamente ligado ao impacto que o negócio traz ao meio ambiente e à sociedade como um todo. Os operadores logísticos passaram então a colocar o tema como estratégico, desenvolvendo serviços que tragam não apenas vantagens lucrativas, mas diminua, consideravelmente, o impacto ambiental das atividades e ofereça soluções para uma cadeia de suprimentos sustentável.

Ronaldo Fernandes da Silva – Presidente da FM Logistic do Brasil

As empresas passaram a medir os efeitos positivos e negativos das atividades no meio ambiente e na comunidade em que estão inseridas, o que garante condições de oferecer a todos os elos envolvidos – clientes, colaboradores e parceiros -, informações mais abrangentes para tomar as melhores decisões. Este é um passo em direção à logística sustentável.

As atividades da cadeia de suprimentos têm múltiplos efeitos na sociedade e no negócio. Alguns são positivos, outros devem ser limitados. Medir esses impactos é o primeiro passo na implementação de medidas de melhorias. O conceito de ecossistema nas operações logísticas está estruturado em integrar as atividades em um universo que envolva cuidar das pessoas e do meio ambiente.

O setor de logística, com destaque para os operadores logísticos, tem se transformado para acompanhar o dinamismo do e-commerce e do omnichannel, principalmente, no que diz respeito à tecnologia e inovação. Os consumidores, cada vez mais digitalizados, assumiram um papel fundamental em todo o processo. Eles se tornaram protagonistas nas cadeias logísticas, exigindo não apenas preços e rapidez na entrega, mas, também, variedade de produtos, a possibilidade de comprar on-line e retirar na loja, a preocupação com a logística reversa, e acompanhamento em tempo real de todo o processo de compra e distribuição. A conveniência oferecida pela omnicanalidade é o grande diferencial no processo logístico, ou seja, o omnichannel e os consumidores eco-conscientes transformaram a cadeia de abastecimento.

Podemos então considerar que o omnichannel é o novo padrão. A fronteira entre on-line e offline cai, embora as lojas ainda estejam em alta. A tendência do multicanal, no entanto, anda de mãos dadas com a personalização da experiência do cliente e a digitalização da loja física. No dia a dia e independente da origem dos fluxos, a logística deve responder à demanda o mais rápido possível. Simples, sem demora, sem tolerância a falhas em todo o processo. E para o operador logístico os desafios são inúmeros, como ter estoques adequados às vendas esperadas, garantir a personalização do produto, confiabilidade, agilidade e adaptação em tempo real.

A logística omnichannel cria uma experiência de vendas contínua e centrada no consumidor, independentemente do caminho de compra. Sincronizar esse ecossistema, no entanto, requer inovação na cadeia de suprimentos. Com isso, compreender o nicho importante de clientes é uma oportunidade de as empresas maximizarem as vendas e criarem sinergias com serviços diferenciados. O modus operandi no segmento logístico será cada vez mais personalizado.

*Ronaldo Fernandes da Silva é presidente da FM Logistic do Brasil

 

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Alta no preço do Bitcoin: bolha ou tendência?

*Por Filipe Pires

Dois acontecimentos distintos no último mês de 2020 com duas das três principais criptomoedas resumem bem o comportamento desse mercado no mundo. Enquanto o Bitcoin disparava para recordes acima de US$ 28 mil (rompeu a resistência de US$ 40 mil somente em 07 de janeiro de 2021), chamando atenção, inclusive, do noticiário mainstream, a SEC (Security Exchange Commission, reguladora do sistema financeiro norte americano) entrou com uma ação contra a empresa Ripple por não registrar o XRP (sua criptomoeda) como título mobiliário, desencadeando uma onda de cancelamento de sua listagem em exchanges de todo mundo e derrubando seu valor de forma relevante.

No criptomercado, as tendências mudam em alta velocidade quando comparado à estrutura centralizada e altamente regulada do mercado financeiro tradicional. Isso o torna mais passível a alterações de rumo, até então, imprevisíveis.

Quando se trata de teste contra imprevisibilidades, 2020 se mostrou um excelente campo de prova para ativos como ouro e Bitcoin (BTC), cujos retornos anuais (em reais), mesmo após a queda expressiva de março, fecharam o ano com ganhos de 56% e 390%, respectivamente.

A corrida dos investidores para ativos metálicos (como o ouro) em busca de reserva de valor em momentos de maior incerteza econômica é, historicamente, comprovada. Já o desvio para criptomoedas é algo novo.

O sincronismo entre quatro fatores (três macroeconômicos e outro estrutural), possivelmente, ajudaram o BTC a se destacar entre ativos mais conhecidos pelo investidor nesse período.

Entre os fatores macroeconômicos, tanto a elevada (e contínua) injeção de liquidez pelos bancos centrais no mercado mundial quanto a manutenção das taxas de juros próxima às mínimas históricas forçaram os investidores a buscar em ativos com baixa correlação ao dólar a proteção contra desvalorização de moedas fortes e possível alta da inflação em seus mercados.

Outro fator macro se refere ao ouro vir galgando expressivas altas desde 2019, impulsionado pelas incertezas provocadas pela guerra comercial EUA/China, o que elevou seu market cap (valor do ouro disponível no mercado multiplicado pelo seu preço atual) para a casa dos US$ 10 trilhões.

Porém, enquanto o ouro subia de preço e as principais economias recebiam um volume extraordinário de dinheiro novo (algo em torno de US$ 14 trilhões somente em 2020), o fator estrutural citado se apresenta na figura do halving (evento gerando ajuste a cada 4 anos, garantindo a característica deflacionária do BTC), e promove a redução pela metade do incentivo econômico para geração de novos Bitcoins.

De maneira simplificada, isso significa que, se antes a cada “prova de trabalho” um minerador recebia 12,5 Bitcoins e hoje recebe a metade, mantendo a mesma eficiência e preço estável, seu custo de produção deveria dobrar para garantir o mesmo prêmio.

Como isso é pouco provável, invariavelmente, tal custo excedente acaba refletido na variação do valor do Bitcoin.

Portanto, já era esperada uma alta como consequência do halving no período. Mas nada perto do que se viu.

Fluxo de eventos ao longo da evolução do preço do BTC em 2020. Fonte: KAIKO Research, dezembro de 2020

Ao realizar que a curva de preços do Bitcoin perdia a correlação com a variação do dólar e bolsa, ao mesmo tempo em que seu market cap não chegava a 2% do ouro, grandes investidores institucionais (como MicroStrategy, Stone Ridge e Guggenheim Fund) iniciaram alocação de parte do excesso de liquidez do mercado em BTC, enquanto outros investidores relevantes aumentaram suas posições (caso da Grayscale, com mais de US$ 20 bilhões alocados em seu Bitcoin Trust).

Fato é que o cenário de pandemia, sincronizado com a alta do ouro e o halving, geraram as condições de mercado perfeitas para testar a resiliência do Bitcoin como reserva de valor e proteção contra incertezas econômicas.

Para analisar a probabilidade de revisão desse cenário no curto prazo, que realizaria a reversão da tendência de alta do preço do BTC ainda em 2021, destacamos três pontos:

  1. Governos continuam com seus planos de auxílio emergencial contra o impacto da pandemia, cuja mais provável consequência será a injeção de outros novos trilhões de dólares no mercado;

  2. Apesar do início das campanhas de vacinação servirem como luz no horizonte, há vários fatores que podem atrasar a imunização coletiva em diversos países, entre eles uma possível segunda onda de variantes do primeiro vírus, o que já acomete alguns grandes centros. Isso impactaria a recuperação econômica e setores de empresas listadas em bolsa;

  3. Especialistas afirmam que para o market cap de BTC atingir 10% do ouro, o Bitcoin deverá estar mais próximo dos US$ 155 mil. Isso equivale ao upside de mais de 280% em relação à máxima histórica de US$ 40 mil, alcançada ainda em janeiro de 2021.

Portanto, tal análise indicaria que, possivelmente, não se trata de uma bolha e, provavelmente, parte relevante do cenário de 2020 ainda será mantido em 2021.

Correlação entre Índice Dólar (DXY) e BTC. Fonte: KAIKO Research, dezembro de 2020.

Pelas premissas apresentadas, resumidamente, entende-se que o valor do Bitcoin aumentou à medida que a oferta de moeda e as expectativas de inflação aumentaram, diante de um cenário de juros baixos, amplificado pelo repasse da alta do custo de mineração após o halving. Ao mesmo tempo, o dólar se desvalorizou para o valor mínimo em vários anos, resultando em uma correlação inversa entre este e o BTC (principalmente a partir de junho de 2020).

Diante das maiores incertezas provocadas pela pandemia, e em busca de um lugar seguro para reserva de valor (hedge), investidores institucionais com grande apetite encontraram o Bitcoin mais descontado do que o ouro e optaram por testá-lo.

Preço do Bitcoin em dólar entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. Fonte: TradingView, janeiro de 2021.

Em um último exercício simplificado, utilizando o gráfico acima (preço do Bitcoin em dólar dos últimos dois meses), se um grande investidor entrou em 16 de dezembro de 2020 comprando BTC a US$ 21 mil e vendeu em 15 de janeiro de 2021 próximo a US$ 35 mil (aproximadamente, 67% de retorno em 30 dias), será que este repetiria a estratégia diante da manutenção das principais variáveis?

É possível. Ao menos enquanto o Bitcoin mantiver seu patamar de desconto em relação ao ouro e sua correlação negativa com os demais ativos.

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Clubhouse e o potencial para marketing e negócios

*Por Talita Scotto

Talita Scotto – Diretora executiva da Agência Contatto

Se tem um aplicativo que está bombando no Brasil é o Clubhouse, uma nova rede social de áudios que está ganhando popularidade entre profissionais, executivos e aficionados pelo formato, que é baseado na voz. O Clubhouse ganhou fama após a entrada de nomes como, Oprah Winfrey e bilionário Elon Musk, que ajudaram no interesse do app.

Para se ter uma ideia da força que aplicativo ganhou, a busca pelo nome “Clubhouse” no Google cresceu 525% nas duas primeiras semanas de fevereiro de 2021. Atualmente, o aplicativo é exclusivo para usuários do iPhone, ao menos por enquanto, e apenas para quem tem convite.

Não sabemos ainda até quando o Clubhouse terá este formato. Por isso, interessados em conhecer a rede social podem baixar o aplicativo e já reservarem os seus nomes de usuário, de modo a garantir seu espaço no app.

O que é Clubhouse?

O Clubhouse é uma rede social que traz salas de bate-papos com temas diversos, de entretenimento a negócios e até mentorias, onde as pessoas podem encaminhar dúvidas, participar da conversa ou comentar o que está rolando – sempre por mensagens de áudio. Você também pode apenas ouvir o que está rolando, sem que precise participar. As discussões não são gravadas ou salvas.

Para participar de uma conversa você pode levantar a mão, cujo ícone é um emoji. Além disso, o moderador da sala pode selecionar quem participará do bate-papo, quem estará com o microfone aberto ou outras permissões.

O Clubhouse é uma rede social sem foto ou vídeo, sendo que o único campo disponível para isso é o perfil do usuário. Lá é possível trazer mais detalhes sobre o que você faz, qual é sua profissão e especialidade, além de vincular a conta com o perfil do Twitter e Instagram.

Por que usar o Clubhouse?

Afinal, quais são os benefícios do Clubhouse para negócios e por que sua marca deve estar nesta rede social? Não há como prever o futuro do aplicativo, mas já é visível que o formato agrada, tem grande potencial de gerar conexão entre pessoas, já está atraindo CEOs, personalidades e pode gerar negócios no futuro.

A rede social tem características mais voltadas para o aprendizado e a troca de conhecimentos. Abaixo, conheça algumas vantagens que o Clubhouse pode trazer para o universo do marketing:

Escolha entre os três tipos de sala

No Clubhouse você pode criar sua estratégia e definir os bate-papos, que podem se adequar ao tipo de sala, que são:

Abertas: Qualquer usuário pode entrar

Sociais: Apenas para quem você segue

Privadas: O usuário escolhe quem pode participar.

Desta forma, o aplicativo permite ao marketing explorar a exclusividade e a estratégia da escassez, além da monetização que pode acontecer conforme o aplicativo se consolide com o tempo – algo ainda em debate.

Humanização e engajamento

Com tempo determinado em cada sala e com capacidade para até 5 mil ouvintes ao mesmo tempo, o Clubhouse te oferece engajamento em tempo real e capacidade de promover interação entre profissionais, celebridades e o acesso a grandes nomes do mercado de maneira simples, rápida e a qualquer hora.

Conexão e vínculo

Não há filtro para que as pessoas estejam inseridas em uma discussão ou para ouvir uma celebridade, por exemplo. Por enquanto, temos um aplicativo que traz a troca de conhecimento, informação e experiência num formato que já agrada o público. Isso é uma oportunidade para o marketing como um todo, pois o Clubhouse traz a conexão com pessoas como ponto alto do app.

Já temos marcas presentes

A Audi, por exemplo, foi a primeira montadora a estar presente no Clubhouse quando levantou o tema sobre “A Era dos Carros Elétricos”, mediando um bate-papo com jornalistas e criadores de conteúdo, além de convidados, conforme noticiou o Portal UOL. Este caso mostra que o app é capaz de trazer mais inovação nos formatos de conteúdo, no vínculo e no valor que se espera gerar entre consumidores e marcas.

Potencial do Clubhouse

No Clubhouse todos são bem-vindos para uma conversa, por isso, o app traz o diferencial do networking, do “aprender em tempo real” e de ser ouvinte com a sensação de se estar em um grande evento, mas a realidade é que se está ao toque de pesquisar assuntos que agradam e entrar e sair de salas de bate-papo.

Mesmo estando no começo, o Clubhouse é uma rede social que terá muito espaço para crescer e grande potencial para ser explorado. Com mais uma rede social disponível, definir estratégias e canais se tornarão determinantes para a indústria da comunicação: disputa por audiência, geração de conteúdo em formatos distintos e um futuro promissor.

 

 

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Publicidade no e-commerce: 4 lições aprendidas em 2020

Mais do que nunca, o momento exige o perfeito alinhamento entre tecnologia, contexto social e comportamento humano. Sua marca está preparada para o ano que se inicia?

Por Bruno Augusto*

Desde o ano passado, profissionais de marketing em todo o mundo estão sendo desafiados a lidar com as incertezas trazidas por um novo cenário global. E os especialistas em mídia online, sempre tão acostumados a métricas, dados e precisão, seguem exercitando sua resiliência na experimentação de estratégias de mídia online que estejam em sinergia com a realidade do novo consumidor e do momento de cada tipo de negócio.

Bruno Augusto -Head of Account Management Brasil na RTB House.

Como ser relevante para o consumidor neste momento? Como engajar clientes diante de sentimentos tão adversos? Essas são algumas das perguntas sobre as quais as equipes de mídia estão debruçadas, e conversando com nossos clientes na RTB House, as principais marcas do e-commerce brasileiro, vemos que apesar das inúmeras particularidades e discrepâncias entre as indústrias, alguns pontos tornaram-se prioritários a todas elas.

Com base nesse cenário, elenco quatro tópicos que considero fundamentais para o bom planejamento das campanhas de mídia online para o e-commerce:

1-) Abandone de vez o “achismo” e aposte na tecnologia. No ambiente programático, alterações sutis no custo de inventário, no comportamento de compra do consumidor, na abordagem da concorrência, ou até no perfil da campanha podem impactar significativamente a performance. Por isso, a grande quantidade de mudanças que o nosso mercado vem sofrendo em relação aos novos hábitos de consumo, ou mesmo no balanço entre oferta e demanda, faz com que as estratégias de mídia precisem ser revistas com muito mais frequência e precisão.

Assim, tomar decisões com base em dados é fundamental, e os algoritmos levam vantagem sobre as recomendações humanas graças à capacidade de análise e tomada de decisão extremamente precisa e rápida. Esse potencial, combinado a uma capacidade de resposta também rápida para ajuste de rota, é fundamental não apenas para otimizar os resultados das campanhas em um cenário instável como também para identificar oportunidades muitas vezes não tão óbvias na perspectiva humana.

2-) Invista em todas as etapas do funil de vendas. Assim como acontece no mundo físico, o consumidor online também passa por uma jornada com diferentes pontos de contato com a marca antes de efetuar sua compra. Entender e utilizar essa jornada a seu favor é importante para construir uma estratégia de mídia efetiva e sustentável no longo prazo. Se há um desequilíbrio entre os investimentos de topo e de base de funil, certamente haverá também um impacto negativo nos resultados: investir muito na aquisição de usuários ou divulgação da marca e pouco em conversão, por exemplo, pode gerar um desperdício com usuários que foram impactados mas não chegaram até a conversão pois foram “abandonados”. Já o oposto, quando não se investe na ampliação da base de usuários, pode reduzir o volume potencial de conversões ou torná-las mais caras.

A experiência do usuário é outro ponto a ser considerado. É possível, por exemplo, utilizar modelos de segmentação e personalização específicos para cada tipo de campanha, otimizando a percepção de marca em cada etapa. A segmentação contextual, por exemplo, é bastante indicada para estratégias branding, uma vez que leva em consideração aspectos muito particulares do contexto em que o anúncio será exibido, garantindo personalização e relevância para um usuário que nunca interagiu com a marca antes. Já a segmentação comportamental é bastante efetiva para fins de conversão, uma vez que traduz comportamentos e ações recentes do usuário em uma abordagem individual e customizada.

3-) Tenha um processo dinâmico para atualizar o feed de produtos. Ano passado, muitas marcas tiveram problemas de logística  e de abastecimento diante da súbita escalada dos pedidos realizados pela internet. Neste momento, as lojas online estão com atenção redobrada a essas questões e isso deve ser estendido também para os feeds de produtos que são exibidos nos anúncios. Certifique-se de que seus parceiros conseguem manter a atualização do que será exibido nas campanhas com a mesma cautela e velocidade com que as informações são atualizadas pelos times de operação da empresa.

4-) Invista em Brand Safety e Brand Suitability. A tecnologia pode desempenhar um papel fundamental para garantir que os seus anúncios online sejam veiculados sempre nos contextos mais apropriados e em sinergia com a estratégia de posicionamento de cada marca – é o chamado brand suitability. Isso também significa garantir que eles não sejam veiculados em contextos impróprios ou indesejados, protegendo a sua marca contra riscos reputacionais – neste caso, o brand safety.

Contudo, é válido mencionar que tais estratégias podem impactar o alcance de audiência e, consequentemente, a performance de algumas campanhas, por isso devem ser sempre pensadas e implementadas com cautela. É importante levar em conta, nesses casos, os objetivos de marketing – se focam em performance ou branding, por exemplo, e definir a partir disso a melhor estratégia para garantir uma experiência positiva e eficiente ao usuário.

 

*Bruno Augusto é Head of Account Management Brasil na RTB House.

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Robotic Process Automation: A tecnologia obrigatória no mundo empresarial que deve crescer US$3 bilhões nos próximos 4 anos

Por Everton Arantes

Hoje, o RPA (Robotic Process Automation) ainda é erroneamente visto por algumas empresas como algo muito estratégico, porém opcional. Segundo o relatório de previsões “Forecast analysis: robotic process automation, worldwide”, realizado e publicado pelo Gartner, no final de 2022 mais de 90% das grandes organizações terão implantado alguma forma de automação de RPA. Ainda em conformidade com o relatório, o mercado de software RPA deve crescer para mais de US$3 bilhões até 2024.

Everton Arantes – Fundador e CEO da Prime Control

É possível afirmar que quanto mais as empresas demoram para aderir a esta tecnologia, mais tempo elas estão perdendo em ser mais eficientes, preparadas para o crescimento, para a evolução e para concorrer de igual para igual com outras organizações. Assim, essa demora na adoção do RPA afetará no futuro a linha do EBIT das empresas.

Quando se fala das melhores práticas na de automação de processos, não é uma obrigatoriedade começar automatizando tarefas mais simples que são estáveis, que têm dados estruturados e com decisões baseadas em regras simples. No geral, depois de fazer um breve process mining, já é possível partir para uma estratégia de automação, na qual aplica-se decisões baseadas em regras complexas, com machine learning, data science (na maioria das vezes envolvidos com ACR) e com algoritmos de tratamento de linguagem natural. Especialmente nesse tipo de casos que o RPA prova seu valor.

Porém, para chegar nesta circunstância, automatizando de forma escalável e sustentável, é necessário ter uma orquestração de ponta-a-ponta, uma visão de 360° da corporação. Desde o primeiro dia, é fundamental que haja aplicações de técnicas e práticas de um centro de excelência em automação de processos, pois isso possibilita observar os processos de modo completo e trazer uma centralização do tema para uma discussão única, evitando iniciativas que não estão interligadas e que causam perda de eficiência.

Além disso, ao iniciar uma automação de processos de maneira agressiva, também é fundamental que as empresas preocupem-se com um fator crítico, o change management. Muitas vezes, o maior desafio para fazer uma automação inteligente não é a tecnologia e sim convencer os profissionais da área de que este processo vai gerar valor, de que a entrada de um trabalhador virtual vai otimizar o dia a dia da empresa e auxiliar o time a ser mais eficiente.

O RPA possibilita que os colaboradores atuem com atividades mais dinâmicas e foquem menos em tarefas repetitivas e manuais. Cabe às empresas conseguir realizar um trabalho que mostre aos funcionários o valor que o RPA gera, o quanto esta tecnologia agrega na rotina  da organização e mostrar que, por meio da automação de processos, é possível gerar ROI rapidamente.

É importante ressaltar que, cada vez mais, os ganhos do RPA são muito efetivos, entre eles, podemos destacar:

  • Redução do tempo de execução dos processos;
  • Incremento do poder de atendimento e crescimento;
  • Produtividade do robô trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana;
  • Redução de custos;
  • Payback rápido;

Uma pesquisa sobre os benefícios obtidos com o RPA, realizada pelo HFS Research, mostrou que 65% das empresas viu a melhora da qualidade e da previsibilidade dos processos, 50% constatou melhora no tempo de execução do processo como um todo e 38% declarou ter a equipe livre para fazer outros projetos mais interessantes.

Em um cenário no qual a hiperautomação é frequentemente encontrada na maioria dos processos de front, middle e back office das empresas, o Gartner fez uma previsão que corrobora com a visão de que o RPA não é mais uma opção para as empresas.  De acordo com o relatório publicado, mais de um quarto das tarefas potenciais adequadas para automação terão sido automatizadas até 2024.

 

 

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LGPD e Change Management: Como buscar a adequação a nova lei

*Por Fabiana Franco

Como sabemos, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD, Lei Nº 13.709/2018) entrou em vigor em setembro de 2020 e criou regras para uma série de questões que envolvem dados de pessoa física. Por isso, diversas empresas já começaram a buscar uma adequação aos principais requisitos da LGPD, de modo a mitigar riscos e, claro, evitar penalidades e danos a própria imagem.

Esse trabalho se inicia com um levantamento detalhado de todos os dados coletados, tratados, armazenados e compartilhados pela empresa. Em outras palavras, é preciso identificar o fluxo dessas informações dentro da organização, perceber quais bases legais podem suportar cada situação e então, reconhecer as lacunas. O resultado desse assessment deve ser uma lista de desvios que precisam ser corrigidos e ajustes a serem realizados – em documentos, contratos, rotinas e sistemas.

Fabiana Franco – Consultora da TGT Consult

Desse modo, é fácil entender que estamos falando de um projeto bastante amplo, que abrange todos os departamentos, considerando particularidades, demandas e pontos críticos. Várias ações serão exigidas, como revisão e alteração de processos internos e a elaboração de políticas e de novos procedimentos.

Logo, os conceitos de Change Management podem ser muito úteis. O Change Management (ou Gestão de Mudanças), deve ser entendido como uma abordagem estratégica e estruturada, que visa garantir que mudanças sejam implantadas de forma ágil e eficiente. Esse modelo de gestão foca nos grandes impactos provocados pela onda de transformação que atinge a empresa quando temos um projeto mais robusto em andamento.

Um de seus grandes diferenciais é a importância dada ao fator humano e, assim, vai além do simples planejamento de recursos, englobando também elementos como cultura e valores corporativos, funções, estruturas organizacionais e de governança, e em especial, as expectativas dos profissionais diretamente envolvidos nessas mudanças.

Diante desse cenário, a utilização de conceitos de Agile no processo de adequação da empresa acelera muito a gestão da mudança e absorção das boas práticas. Por exemplo, o mapeamento dos dados realizado em Sprints, contando com a participação direta dos colaboradores, faz com que esses profissionais já comecem a ser educados em relação aos requisitos da LGPD. As discussões devem ser sempre baseadas nas tarefas do dia a dia da equipe, de modo que cada membro possa enxergar os efeitos da lei na sua realidade.

Na sequência, há uma devolutiva para esse time, onde são repassadas as principais recomendações, baseadas nas fragilidades identificadas. Todos podem esclarecer dúvidas, compartilhar ideias e demonstrar receios. Assim, é mais fácil engajar o grupo na implantação do projeto, além de estimular o “senso de dono”. Diferentemente de treinamentos passivos, nesse modelo, os profissionais contribuem com seu conhecimento e experiência, ajudando na construção das soluções.

E pensando nas pessoas, fica evidente que esse projeto deve incluir um programa de treinamento e aculturamento, contemplando muitas outras ações de comunicação e conscientização, que precisam chegar a todos os seus públicos – como colaboradores, parceiros e prestadores de serviço.

Vale lembrar que as transformações no ambiente empresarial devem ser constantes, a fim de assegurar maior competitividade, fortalecimento da marca e adequação, como no caso na LGPD. Mas, se não forem bem administradas, as mudanças podem gerar transtornos e prejuízos financeiros, que, em geral, estão vinculados a retrabalhos, atrasos nas entregas, queda nos indicadores de performance e ainda, baixas taxas de motivação das equipes.

Por isso, a escolha de uma metodologia de diagnóstico que considera diversos aspectos; técnicos e comportamentais, é fundamental para um projeto de adequação mais bem-sucedido.

Também é preciso deixar claro que Gestão de Mudança e Gestão de Projetos não são sinônimos, e sim, princípios distintos que devem caminhar juntos, de forma complementar. Em resumo, o gestor de projetos cuida do cumprimento de todos os tópicos previstos no cronograma e, paralelamente, cabe ao gestor de mudança, identificar os possíveis núcleos de resistência – que normalmente são compostos pelos profissionais mais afetados com a implantação – de modo a garantir todo apoio durante a fase de transição.

Assim, a empresa é capaz de atingir seus objetivos de maneira mais suave, evitando conflitos e tensões internas. E ao mesmo tempo, consegue consolidar as mudanças planejadas, tanto com a incorporação dos novos processos, como na absorção de uma nova cultura.

*Fabiana Franco é consultora da TGT Consult

A corrida pelo “Windows” do automóvel

Por Florian Scheibmayr

O Grupo Volkswagen, maior grupo automobilístico, acaba de anunciar que vai investir €27 bilhões em software, o que representa mais do que 1/3 do seu orçamento de investimento em novas tecnologias durante os próximos cinco anos.

Florian Scheibmayr – Consultor da TGT Consult

Já é considerado fato consumado que a nova liderança no setor automobilístico será de quem desenvolve o melhor sistema operacional para automóveis, e não mais quem desenvolve o motor mais potente.
A presente corrida é de quem consegue estabelecer um novo padrão para um sistema operacional, igual a Microsoft alcançou com seu sistema operacional para os PCs ou Google/Android e Apples/IOS para um mundo móvel.

Evidentemente, este novo sistema operacional precisa ser capaz de ir além de lidar com os requisitos técnicos atuais, como acionando os controles para funcionamento do carro, fornecer funcionalidades para a navegação, segurança e incorporar as demandas do carro elétrico, como também antecipar os princípios para o carro completamente autônomo daqui uns anos. Esta evolução requer do setor automotivo e seus departamentos de engenharia uma disrupção na concepção e construção de carros. Desenvolver software e peças mecânicas são disciplinas distintas. Lead-times como os de cinco a sete anos, dos primeiros desenhos até o produto final de um novo carro, são impensáveis.

Os princípios do DevOps e Continuous Delivery serão os novos determinantes do supply chain automobilístico, ironicamente pouco tempo depois de as software houses aprenderem os princípios de Lean ProductionKanban e Controles de Qualidade com a manufatura do setor automobilístico como o da Toyota. Há ainda muito espaço para melhorias, porque, evidentemente, para este novo sistema operacional dos automóveis terão outras exigências do que para os aplicativos dos computadores pessoais, pois os mesmo padrões rígidos como Six Sigma não serão mais suficientes, já que ninguém vai arriscar um “reboot” do sistema operacional do seu automóvel a 200 km/h.

A camada Fog Computing, com  é chamada a camada intermediária quando há necessidade de mais processamento nos equipamentos Edge – quando, por exemplo, os sensores IoT’s não conseguem executar, pois a latência inviabiliza processamento na Cloud-, precisa ser melhor explorada e fortalecida.

Assim que superar os desafios tecnológicos e dos determinantes do novo supply chain digital, este novo carro deverá viabilizar novos modelos de negócio. Por exemplo: poderá receber um adicional de 60 CV potência on-flight na renovação do contrato, via Software Update.  Os carros-base não serão mais predominantemente adquiridos, mas, sim, alugados, compartilhados ou até envolvidos em transações do tipo comodato. Já os próprios sistemas operacionais seguirão os modelos via assinatura, onde features podem ser habilitados ou desabilitados via chamada remota.

O hype da ação da Tesla demostra que os investidores acreditam que ela é a empresa que melhor entendeu este novo mundo automobilístico, seja pelos seus carros, ou seja pela necessidade de uma infraestrutura, como uma rede de reabastecimento elétrico. O anúncio do gigantesco investimento da Volkswagen comprova que a empresa entendeu o recado e está prestes a reagir.  Se o mundo vai experimentar um novo normal, o setor automobilístico terá um novo normal em dose dupla.
*Florian Scheibmayr é consultor da TGT Consult, empresa brasileira de pesquisa e consultoria em tecnologia.

 

 

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Não perca tempo com a LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados…

Por Omar Tabach e Arlete Nascimento*

Para muitas corporações, a vigência da LGPD pode incomodar em variáveis graus, que podem ser comparáveis no mínimo a um pedrisco no sapato, e no limite até a uma nevralgia. Em qualquer desses graus, é um problema que precisa de ação  urgente por várias razões.

A primeira delas é porque de fato a lei é benéfica e muito importante, tanto para a nossa proteção como cidadãos, quanto para melhorar a conduta das nossas empresas. Por isso mesmo, não devemos perder tempo e rapidamente devemos nos adequar. Contudo, dependendo do trajeto escolhido, alcançar esse objetivo pode consumir muito tempo.

Repetindo: pode consumir muito tempo. Ou não.

A ocorrência de qualquer das hipóteses dependerá tanto da experiência do time que guiará a empresa nesse trajeto quanto dos métodos que esse time utilizará. Quem está no mercado sabe que nos projetos de adequação à LGPD as abordagens mais utilizadas estão baseadas em diagnósticos longos, com o envio de questionários frios e em geral ineficientes. Na verdade, eles fazem parte de uma sequência de ações que não deflagram o processo mais fundamental para a adequação da empresa à lei, que é a transformação cultural dos colaboradores.

Engana-se quem acha que essa transformação da cultura dos colaboradores, assim como dos processos e sistemas da empresa para adequação às exigências da lei, seja de responsabilidade do jurídico ou da área de TI. O que elas devem fazer é dar apoio às áreas de negócios, as verdadeiras responsáveis por essas transformações.

A primeira das transformações, e que traz benefícios a todas as áreas, é de fato não se perder tempo, adotando, para começar, uma postura ágil. Neste caso, essa postura significa o “fatiamento” da empresa em áreas organizacionais e elaboração de todo o ciclo, do diagnóstico à recomendação, em “sprints” com a duração de uma, até no máximo duas semanas, ao contrário das abordagens tradicionais, que consomem de dois a três meses (e transformam o projeto de adequação à LGPD no transporte de um piano de cauda). Essa nova dinâmica integra ao projeto os profissionais da área de negócios, aproxima e sensibiliza os usuários,  e também antecipa as ações de correção.

É uma prática que tem se mostrado muito efetiva na gestão da mudança, já que os colaboradores aprendem sobre a LGPD em reuniões de trabalho e nas discussões sobre a aplicação da lei à sua realidade de negócios – e não em treinamentos ‘passivos’ e monstruosamente ineficientes sobre os conceitos da lei.

Para favorecer esse aprendizado e ganhar tempo, é preciso fugir tanto do “juridiquês” quanto dos jargões de TI, já que as conversas entre as áreas serão povoadas de expressões e termos do dia-a-dia da empresa. O melhor será manter um vocabulário acessível e de negócios, traduzindo as leis e suas demandas para situações do cotidiano.

Outra estratégia vitoriosa da nossa abordagem é identificar todas as “personas” que têm dados transitando pelas áreas de negócios. Explicando melhor: por meio de entrevistas, identifica-se todos os tipos de pessoas físicas cujos dados de alguma forma são capturados pela empresa. Ao agrupá-los, damos a eles o nome de “personas”. Por exemplo: colaborador, prestador de serviços de transportes, freelancer, cliente, prospect, contato de empresa cliente, contato de fornecedor e assim por diante.

Mapeadas as “personas”, fica muito mais fácil também entender e mapear quais os dados capturados pela empresa, a base legal de apoio para essa captura, onde eles estão armazenados e sua jornada nos processos dentro da empresa. Só então se pode começar a falar de sistemas e de tecnologia.

Toda essa compreensão é que permitirá a elaboração de recomendações. Nesse intervalo, provavelmente a equipe ainda estará com os conceitos bem nítidos na memória e com alto nível de energia para trabalhar no projeto – o que não é esperado em soluções que demoram muito na fase de diagnóstico.

Claro que é importante abordar segurança da informação e cibersegurança. Embora esses temas não possam ser negligenciados, essa análise deve ser feita por uma frente de trabalho separada e focada nos executivos de TI. Não existe compliance com a LGPD sem uma proteção de perímetro, isto é, sem segurança da informação, proteção a servidores, dispositivos móveis e sistemas contra ameaças que põem em risco as informações processadas, armazenadas e transportadas por esses sistemas, ou seja, cibersegurança.

Como a lei determina que os sistemas devem estar “de acordo com as boas práticas” de tecnologia da informação, o diagnóstico durante os sprints poderá apontar a necessidade de outros  projetos, eventualmente maiores, como a substituição completa de sistemas, que demandarão mais investimentos e outros prazos de implantação. Antes disso, porém, é provável que a grande maioria das  oportunidades de mitigação de problemas seja obtida com pequenas mudanças de procedimentos ou revisões de contratos e políticas simples, e que poderão ser implementadas logo nas semanas seguintes ao sprint, permitindo que a empresa dê um salto em direção à adequação e evitando autuações.

Arlete Nascimento, consultora sênior da TGT Consult e DPO, e Omar Tabach, sócio da TGT Consult

 

 

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