Nos últimos três anos, redes e a própria ABF vem trilhando um caminho de desenvolvimento em áreas como comunicação, novos ofertas e relacionamento; 72,3% afirmam que a maior dor é encontrar profissionais capacitados e identificar a tecnologia mais acessível ao negócio.
A Transformação Digital já faz parte do dia a dia da maioria das redes de franquia no Brasil, mas vários desafios e oportunidades de aprofundamento permanecem. É o que aponta o Estudo “Transformação Digital nas Franquias”, realizado pela ABF – Associação Brasileira de Franchising. Com uma amostra de 137 respostas, sendo 86% de franqueadores, a pesquisa apontou que 63,5% dos respondentes entendem que a Transformação Digital começa com as pessoas e que 86,9% das empresas possuem uma base de leads através de CRM. Chamou a atenção também que quase 80% dos entrevistados afirmam utilizar automação de marketing. A ABF vem acompanhando este movimento há pelo menos quatro anos. Em 2018, inclusive, promoveu uma pesquisa em parceria com a Confederação Nacional de Serviços (CNS) que identificou que 91,8% das redes de franquia introduziram algum novo produto ou serviço entre 2014 e 2016 – seja na própria empresa, no mercado nacional (57,3%) ou mundial (11,1%) – e apenas 8,2% delas não o fizeram.
Esse movimento ganhou uma tração ainda maior durante a pandemia, como indicam as pesquisas mensais realizadas pela ABF de abril a agosto de 2020. Por exemplo, a pesquisa de abril/2020 trouxe que 91% das franquias de alimentação trabalhavam com delivery; já no segmento de Moda, 53% pretendiam manter o delivery partindo das unidades após a pandemia e muitas redes que implementaram plataforma de e-commerce da franqueadora agora na pandemia planejavam mantê-la posteriormente. Chamou a atenção também a maciça adesão ao trabalho home office no período e a realização de reuniões e treinamentos online (aspectos que também aparecem na pesquisa atual).
Na mesma linha, o Diagnóstico Setorial das Redes de Educação mostrou que a totalidade das redes deste segmento optou pelo “Desenvolvimento de Novas Tecnologias/Inovação”; 93,9% criou novos produtos e serviços e entregou serviços online; e 75,8% realizou estratégias de “E-Commerce / Vendas Online” durante a pandemia. Já a Pesquisa de Food Service 2021, uma parceria da ABF com a consultoria Galunion, trouxe que 97% das redes de alimentação afirmam trabalhar com delivery, enquanto a média geral de mercado é de 86%. Com isso, o faturamento via este canal entre as franquias de alimentação passou de 16% em 2019, para 38% em 2020, um crescimento de 140%. Na pandemia, 90% das franquias de alimentação aumentaram a frequência de encontros virtuais, 71% adotou novas tecnologias para gestão da rede e 65% passou a utilizar maior inteligência e troca de dados de performance do negócio.
“Assim como ocorreu em vários setores, a pandemia foi um momento de inflexão para o franchising brasileiro na área de Transformação Digital. Mas isso só foi possível, ainda mais com a rapidez realizada, pois já existiam iniciativas e estratégias em andamento. É importante ressaltar também que ainda é heterogêneo o grau de transformação dentro das empresas, se destacando a parte de comunicação e relacionamento, mas ainda havendo muito potencial de desenvolvimento em otimização de processos, uso de dados e user experience”, afirma Carlos Zilli, diretor de estratégia digital da ABF, cargo criado na atual gestão.
A própria entidade vem aprofundando sua atuação nesta área com, além da criação de uma diretoria com este foco, a contratação de um profissional executivo, a criação de uma comissão permanente, a realização de missões e eventos – nacionais e internacionais – e o estabelecimento de parcerias. Mais recentemente, a ABF avançou em projetos como a criação de um banco de dados sobre mercado imobiliário, o desenvolvimento de uma nova plataforma digital de educação focada em franquias e uma parceria com uma rede de inovação que será anunciada em breve. A entidade programa ainda o lançamento de um podcast sobre inovação e a segunda edição do Encontro de Transformação Digital em novembro.
Corroborando a evolução do tema acima, a pesquisa atual mostrou que 20,4% dos entrevistados implementou uma área de Transformação Digital há mais de 5 anos e 42,3% entre 1 a 4 anos.
A Pesquisa de Transformação Digital identificou que migração para o online durante a pandemia não foi apenas em relação ao canal de vendas, mas também aos meios de pagamento e outros aspectos.
Como já mencionado, foco nas pessoas é a visão predominante, com a adoção inclusive de áreas dedicadas.
No entanto, assim como ocorre em várias áreas técnicas, faltam profissionais qualificados/especializados no assunto. Há também uma dificuldade na seleção da tecnologia disponível mais adequada para cada negócio. “Aqui entendemos que a pesquisa detectou aqueles desafios típicos de implantação. Nesse sentido, a utilização de metodologias ágeis, bem como o intercâmbio de experiências são caminhos importantes. Por isso, a ABF tem investido muito nesta área e na formação/fortalecimento de um ecossistema de inovação dentro do franchising”, comenta Julio Monteiro, coordenador da Comissão de Transformação Digital da ABF.
Consumidor
73% dos entrevistados afirmam saber exatamente a jornada de compra de seu consumidor e 86,9% das empresas possuem uma base de leads através de CRM. “Acreditamos que haja uma colaboração entre as áreas de expansão, de vendas e os próprios franqueados no sentido de ir ativamente em buscas de leads de vendas e de franquias. No entanto, acreditamos que existe espaço para mais inovação com o uso mais massivo de dados, análise preditiva e até inteligência artificial para o desenvolvimento de produtos e novas estratégias”, explica Julio Monteiro. Em relação a visão das redes em relação ao consumidor, o retrato foi o seguinte:
Comunicação e Cultura Corporativa
A pesquisa revelou ainda que os principais canais de comunicação das redes com seus públicos são as Redes Sociais (97,1%), SEO (55,5%) e Blogs (51,8%); e a frequência de investimento em mídia paga é alta.
Em termos de cultura corporativa, 94,2% acreditam ter bem definida sua causa de existência, sendo que a transmissão destes valores ocorre principalmente via canais de comunicação (58,4%).
“Deste estudo depreendemos também que o setor tem muito a caminhar em inovação nos modelos de negócios, mas isso não significa que já não existam iniciativas relevantes. Veja o caso de redes cuja atuação e prestação de suporte é predominantemente online – coisa rara quando retrocedemos quatro ou cinco anos –, iniciativas nas áreas de contagem de fluxo, gestão financeira, mapeamento de calor e também o projeto de um grupo de redes de alimentação que se uniram para criar uma plataforma concentradora de pedidos de delivery. Logo, trata-se de um momento ímpar para as redes amadurecerem ainda mais nesta área, criarem propostas diferenciadas e gerarem resultados. Nesse sentido, a ABF quer ser um catalizador e um hub de troca de boas práticas e inteligência”, conclui Carlos Zilli.
Fonte: DFREIRE Comunicação