Por: Fernando Cesar e Thabata Delfina
Você já pesquisou no Google “transporte público no Brasil” alguma vez? Caso não, experimente fazê-lo neste momento… Os resultados não são muito inspiradores, não é mesmo?!
Pois é, infelizmente, o transporte público no Brasil não é muito bem visto pelo público devido a grande quantidade de críticas que o serviço recebe. Entretanto, pouco se sabe a respeito dos “bastidores” no setor de transporte de passageiros. A grande maioria da população, inclusive, se refere às empresas de ônibus, por exemplo, como “garagem de ônibus”, imaginando que o local não seja mais do que um estacionamento com motoristas e cobradores circulando entre um turno e outro.
A realidade é que a popularmente chamada “garagem de ônibus” é palco para uma série de processos impressionantes, incluindo áreas como Operação, Fiscalização, Inspetoria, Manutenção Preventiva e Corretiva, Recursos Humanos, Tesouraria, Jurídico, Contabilidade, Qualidade, Administrativo Geral e TI, isso mesmo, Tecnologia da Informação!
Tecnologia da Informação e Mobilidade Urbana
Nas últimas décadas, o transporte urbano vem usando mais e mais da tecnologia para informatizar os processos de gestão, fazendo com que os mesmos se tornem gradativamente mais precisos e eficientes. Porém, muitas vezes, cada uma destas operações possui o seu próprio sistema independente e sem integração entre eles. Isso ocasiona uma considerável perda de tempo em termos de comunicação e segurança da informação, essenciais para a gestão dos processos de transporte. Com desafios como este em mente é que representantes do segmento entenderam a importância de continuar buscando a inovação do transporte urbano, em especial, por meio da digitalização das operações e do uso de tecnologias de ponta.
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Telemetria no transporte de passageiros
Uma das tecnologias que vêm mudando o cenário do transporte urbano por completo é, certamente, a telemetria. Essa se trata de uma técnica proveniente dos estudos de telemática que consegue transmitir, em tempo real, parâmetros da operação existente e que são medidos remotamente.
Para que se compreenda melhor o que isso quer dizer em termos práticos, é interessante destacar que a telemática, mencionada anteriormente, é a ciência que estuda a junção da telecomunicação e da informática. Portanto, ao aplicar este tipo de tecnologia ao gerir as frotas de transporte urbano, é possível capturar e analisar informações vindas de um veículo, além de transmiti-las simultaneamente, tanto para uma central, como para outro veículo. A telemetria permite o monitoramento de diversos fatores relacionados ao carro, como a pressão ou a temperatura a que ele está sendo submetido, por exemplo. Da mesma forma, permite avaliar o modo de condução do veículo, garantindo maior segurança na operação devido ao monitoramento da intensidade de curvas, frenagens e velocidade dos ônibus.
Os diagnósticos realizados, através da tecnologia da telemetria, permitem o acompanhamento do desempenho dos veículos pertencentes às frotas de transporte de passageiros, localizando falhas e trazendo a oportunidade de realizar melhorias nos mesmos. Portanto, é correto dizer que a telemetria contribui tanto para a redução de gastos por parte dos fabricantes dos ônibus, quanto para proporcionar uma melhor experiência ao usuário do transporte público, com serviço de qualidade e soluções sustentáveis favoráveis a toda a sociedade, já que garante maior vida útil para os ônibus.
Cidades inteligentes, conectividade e sustentabilidade
Assim como é essencial falar sobre telemetria ao discutir a digitalização do transporte urbano de passageiros, também é impossível não mencionar o conceito de cidades inteligentes e conectividade ao tratar deste assunto.
As cidades inteligentes representam o futuro do espaço urbano e, para que exista futuro, é preciso investir no presente. Portanto, intelectuais em diversas áreas vêm trabalhando incessantemente para trazer às autoridades e investidores do setor privado soluções e tecnologias que estimulem o desenvolvimento de políticas públicas mais eficientes para a mobilidade urbana, que valorizem a sustentabilidade e a qualidade de vida da sociedade como um todo.
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E não é apenas a mobilidade urbana que está em pauta quando se discute as prioridades das cidades inteligentes, estas ainda se preocupam em investir na infraestrutura urbana como um todo, através da inovação e criação de soluções sustentáveis que refletem positivamente em problemas relacionados à habitação, meio ambiente e consumo consciente.
A conectividade e o desenvolvimento de tecnologia de ponta auxiliam para que a troca de informações e o acesso a serviços essenciais seja cada vez mais simplificado para seus habitantes.
Em termos de mobilidade urbana, a reestruturação da infraestrutura das cidades desconstrói os pólos centrais, trazendo os centros comerciais para perto das moradias, o que reduz o tempo de deslocamento dos habitantes desses locais. Isso significa menor tempo no transporte público, menor necessidade de veículos privados individuais circulando e a oportunidade de investimento na mobilidade ativa, ou seja, deslocamento através de meios de transporte movidos a energia limpa (como a bicicleta) ou renovável (como os patinetes elétricos).
Investir em tecnologias de conectividade possibilita o habitante da cidade inteligente traçar toda a sua rota de deslocamento, desde a sua casa até o trabalho, usando apenas o próprio smartphone. Aplicativos específicos permitem verificar os melhores horários para acessar o transporte público e onde o fazer. Mostra o melhor caminho a seguir e em que local a pessoa pode, por exemplo, estacionar sua bike, caso decida por uma locomoção híbrida, ou seja, que integra a mobilidade ativa com o transporte coletivo.
Falando de conectividade, é preciso destacar mais uma vez a importância da telemetria, afinal, neste cenário, é ela que transmite informações importantíssimas para os gestores do transporte urbano e que, eventualmente, vai alimentar o usuário com tudo o que ele precisa saber.
Vale ressaltar, ainda, que é impossível falar sobre Telemetria e não mencionar a chamada Internet das Coisas (Internet of Things – IoT). A partir disso, é possível conectar máquina com máquina e automatizar os mais diversos tipos de aparelhos, inclusive aqueles que fazem com que a experiência no transporte coletivo seja mais prática e confortável, como, por exemplo, catracas eletrônicas, portas automáticas, iluminação inteligente e muito mais.
Atualmente, a Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) é responsável por incentivar o uso da tecnologia para troca de informações técnicas e gerenciais, além de fomentar pesquisa e o mercado de IoT em todo o território nacional. Iniciativas como esta são essenciais para que a mobilidade urbana sustentável continue evoluindo e se reinventando.
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Unificando informações
Sabemos que a digitalização do transporte urbano só é possível através dos avanços da Tecnologia da Informação, mas, o que fazer com tantas informações? Como é que podemos gerir todas elas de modo a usá-las a favor, tanto da sociedade civil, quanto da organização pública e empresas de transporte?
Conforme mencionado no início, um dos maiores desafios do transporte de passageiros no Brasil, atualmente, é a falta de integração de informações entre os diversos sistemas usados para a gestão do transporte. Esse cenário faz com que se perca tempo de comunicação e compromete a segurança de informações das operações, provocando a insatisfação dos usuários com o serviço prestado e até mesmo prejuízo financeiro às empresas privadas de transporte urbano.
Considerando essa realidade, novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas para solucionar essas falhas, e a principal chave para isso é a unificação de informações. O Hub UniQ, por exemplo, é uma solução capaz de unificar diversos sistemas essenciais para a gestão do transporte em uma única plataforma, diminuindo a grande quantidade de telas, melhorando a visualização das informações e resultando em ações mais assertivas que reverberam positivamente para todas as partes interessadas, seja usuário final, poder público ou privado.
É indiscutível a importância de investir no desenvolvimento de novas tecnologias para que continuem trazendo inovação ao setor de mobilidade urbana no Brasil e, sem dúvidas, estas devem estar sempre interligadas com o movimento de digitalização do transporte de passageiros, a conectividade e a unificação de informações.