Opinião

O novo perfil do consumidor brasileiro e como atendê-lo 

Por Karine Gonçalves de Paula – Gerente de Marketing da GestãoClick 

A pandemia impactou severamente negócios de todos os setores, levando milhares de empresas ao fechamento. No entanto, o cenário atual mostra um movimento oposto: o boom do empreendedorismo. Em 2024, o Brasil ultrapassou a marca de 20 milhões de empreendedores registrados, segundo o Sebrae. O crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de serviços e pela ampliação do número de Microempreendedores Individuais (MEIs), que representam 78% das novas empresas no país. 

Um dos motivos para esse aumento está nas mudanças trazidas pela pandemia. Muitas pessoas foram obrigadas a encontrar novas fontes de renda, e o empreendedorismo se consolidou como uma solução viável. Pequenos negócios digitais, delivery de produtos e serviços personalizados foram algumas das saídas encontradas. Com a digitalização acelerada, as barreiras de entrada no mercado diminuíram, permitindo que qualquer pessoa com um celular e acesso à internet pudesse empreender. 

Da mesma forma que a tecnologia impactou os empreendedores, ela também transformou o perfil dos consumidores brasileiros. Antes impulsivo, o novo consumidor pós-pandemia é mais criterioso, digital e exigente. Isso significa que, por um lado, a concorrência aumentou entre as empresas, e, por outro, para se sobressair e conquistar clientes, é urgente compreender como oferecer uma experiência de compra que atenda às exigências por personalização e agilidade, que são imprescindíveis neste novo cenário.  

Onde está o erro? O digital da porta para fora 

Hoje, é difícil encontrar um empreendedor que não utilize meios digitais para alcançar novos consumidores. Contudo, sem preparação, o atendimento online não acompanha o ritmo dos consumidores, devido à falta de controle sobre o próprio negócio. Assim como a tecnologia é útil para a venda, ela também deve estar presente na gestão, pois a automação de processos e a busca por eficiência tornaram-se importantes diferenciais competitivos.  

A eficiência operacional é determinante para garantir que produtos e serviços sejam entregues com qualidade e agilidade. Para isso, não há outro caminho: é necessário aplicar a tecnologia também da porta para dentro. Os consumidores valorizam marcas que proporcionam conveniência, um processo de compra descomplicado, aliado a um atendimento ágil e eficiente. Empresas que investem na melhoria contínua de seus processos internos não só fidelizam clientes, mas também ampliam sua base de consumidores. 

A loja do futuro chegou: conheça as novas regras do jogo

NRF – Foto de Thabata Mondoni

A NRF, principal evento do varejo mundial, mostrou em Nova York que o setor está vivendo uma revolução sem precedentes. A era digital transformou a forma como as empresas se relacionam com os consumidores. O que antes se limitava a grandes lojas físicas e transações simples, agora é um ecossistema complexo de interações digitais e experiências personalizadas, que vão desde o entendimento do comportamento do cliente baseado em inteligência de dados e pesquisas até eficiência na jornada de compra e maior engajamento do público potencializados com IA e machine learning.

A estratégia de usar o tema IA como ideia central funcionou e atraiu visitantes interessados em compreender como a tecnologia passa a ser um tópico importante na reinvenção dos negócios de varejo não somente na própria eficiência, mas também de marketing. Afinal, empresas que comunicam inovação atraem mais a atenção e interesse do público.

Um dos grandes destaques foi a apresentação de Michelle Evans, da Euromonitor International, que mostrou números que valem a atenção do mercado: 56% do crescimento global do varejo nos próximos cinco anos virá do comércio eletrônico. Isso não significa apenas um aumento nas vendas digitais, mas uma mudança estrutural no setor, impulsionada por novos modelos de negócio, como o Direct-to-Consumer e retail media.

As gigantes Nike e a Nestlé, por exemplo, já lideram essa transição, provando que marcas podem criar conexões mais diretas com seus consumidores sem depender exclusivamente de grandes varejistas.  

Essa Era Digital do varejo promete ser abrangente, não se limitando apenas ao comércio eletrônico. A NRF mostrou que estamos vivendo em um momento no qual ferramentas como realidade aumentada e inteligência artificial são aplicadas para reformular a experiência de compra, melhorando a jornada de ponta a ponta. Imagine visualizar, em tempo real, como um móvel ficaria na sua sala antes de comprá-lo ou receber sugestões altamente personalizadas baseadas no seu histórico de compras. Essas inovações não são mais apenas tendências, mas sim uma realidade gerada pelos dados, em grande parte do tempo extremamente precisos e eficazes.

Essa transformação tecnológica está moldando não só o que compramos, mas também como e por que compramos. Há uma busca crescente por valores que vão além do preço. Na América do Norte, por exemplo, 60% dos consumidores preferem marcas comprometidas com a sustentabilidade. Além disso, a saúde e o bem-estar estão no centro das escolhas de consumo, com alta demanda por alimentos que promovam uma vida mais saudável, como proteínas vegetais e produtos de baixo teor de açúcar.  

Também não podemos deixar de lado o tema personalização e como as empresas estão se adaptando para oferecer mais conveniência aos consumidores. Na NRF, tendências como os autosserviços, “clique e retire” e plataformas de live streaming para compras de alimentos foram apontados como destaques para o ano de 2025. Essas práticas combinam a praticidade do digital com a interação personalizada que consumidores valorizam tanto e que, talvez, por isso têm conquistado cada vez mais adeptos.  

Obviamente, a jornada para o futuro do varejo não será isenta de desafios. A competição segue mais acirrada do que nunca, e as marcas passam a lidar com a necessidade não só de manter a rentabilidade, mas de equilibrá-la com inovação e a sustentabilidade. A confiança do consumidor também está em jogo: em tempos de inflação dos Estados Unidos e instabilidade econômica, as pessoas querem sentir que estão fazendo escolhas inteligentes e com propósito. No sentido econômico, pela primeira vez vimos a maior feira de varejo do mundo dividir o tema inovação com alternativas de crédito – algo que por muito tempo foi irrelevante para o mercado norte-americano e que agora ganha uma maior atenção do retail. Em uma era na qual já se é possível fazer pagamentos com apenas a palma da mão, foi interessante ver o mercado norte-americano retroceder alguns passos e dar uma maior atenção à facilidade de pagamento e opções de crédito.  

O que fica claro com essa feira é que as empresas que conseguirem integrar tecnologia de ponta, valores humanos e uma experiência de compra memorável, diferenciada e encantadora, terão não apenas sucesso, mas relevância em um mercado que não para de mudar. Afinal, como disse Michelle Evans, o varejo está em constante reinvenção, e aqueles que abraçarem essa dinâmica estarão na linha de frente da próxima grande transformação. 

*Thabata Mondoni é jornalista e CEO da Mondoni Press.  

“Brain rot”: um chamado para repensar o impacto do digital

Por Patricia Ansarah*

A Universidade de Oxford elegeu “brain rot” – traduzida como “cérebro apodrecido” – como a palavra do ano de 2024. A expressão, popular entre jovens nas redes sociais, reflete um desafio urgente da era digital: os efeitos negativos do consumo excessivo de conteúdos superficiais, que comprometem a saúde mental, a criatividade e as habilidades cognitivas.

Essa escolha suscita uma reflexão importante: como equilibrar o uso da tecnologia, que conecta as pessoas, com o cuidado necessário para preservar a saúde mental e as relações? Pesquisas indicam que o “brain rot” não é apenas um problema individual, mas também influencia a maneira como as pessoas interagem, criam e resolvem problemas, afetando contextos que vão do pessoal ao organizacional.

A relevância de “brain rot” como palavra do ano vai além de uma simples tendência. Ela desafia a criar ambientes onde a tecnologia seja aliada do bem-estar, e não um fator de desgaste. E isso começa pela coragem de abrir conversas genuínas sobre o impacto do digital em nossas vidas e organizações.

Patrícia Ansarah, fundadora do IISP – Foto: Divulgação

Estudos recentes destacados pelo Newport Institute mostram que os impactos negativos, como ansiedade, dificuldades cognitivas e queda de produtividade, podem ser revertidos. Estratégias eficazes incluem limitar o tempo de tela, priorizar atividades com propósito e criar ambientes psicologicamente seguros, onde erros e desconexões sejam reconhecidos como parte do processo de aprendizado.

Nas organizações, o “cérebro apodrecido” é um reflexo da pressão por resultados e do excesso de estímulos digitais. Segundo o State of the Global Workplace Report 2024, apenas 23% dos trabalhadores globais relatam estar engajados em seu trabalho, enquanto 44% afirmam experimentar níveis significativos de estresse diário. Esses números reforçam a importância de criar conversas significativas e educativas com atenção a como o impacto do digital pode interferir no engajamento e no estresse crônico nas organizações.

Segurança psicológica é a chave para trazer este tema à mesa e transformar o impacto do digital. Quando criamos ambientes que incentivam o diálogo sobre o que é contraproducente às iniciativas de equilíbrio e saúde mental, não estamos somente educando e recuperando a capacidade criativa das pessoas, mas também impulsionado resultados, realização e bem-estar.

O diálogo sobre “brain rot” é mais do que uma tendência, é um chamado para repensarmos o papel da tecnologia em nossas vidas e organizações. Ao integrarmos segurança psicológica e consumo consciente, estamos reforçando a importância do equilíbrio para a saúde e a sustentabilidade das empresas e das pessoas.

*Precursora do conceito de segurança psicológica no Brasil, a psicóloga organizacional Patricia Ansarah – com mais de 20 anos atuando em RH e como executiva de grandes empresas – criou o instituto para endossar o pioneirismo e dar visibilidade ao tema no Brasil e levar soluções integradas por meio da segurança psicológica para o desenvolvimento de times e organizações.

A democratização da IA já está acontecendo e você não precisa ficar para trás

*Por Lucas Felisberto

Lucas Felisberto, Vice-president Sales & CS at Jitterbit.

Você já percebeu como o uso de IA está deixando de ser exclusividade das grandes empresas e de especialistas em tecnologia, e se tornando acessível até para negócios de pequeno e médio porte? A transformação que antes parecia distante agora é uma realidade ao alcance de qualquer empresa que quer crescer com agilidade e inovação. Essa é a verdadeira revolução da democratização da IA: simplificar o acesso a tecnologias avançadas para que qualquer negócio — de startups a grandes corporações — possa aproveitar os benefícios da automação e da inteligência artificial de maneira prática e eficiente.

A ideia por trás desse movimento vai além de apenas “colocar mais tecnologia no dia a dia”. Trata-se de abrir um caminho para que equipes de diferentes áreas — que talvez nunca tenham tocado em uma linha de código — participem ativamente da criação de soluções inovadoras. É aqui que entram plataformas intuitivas, que combinam low-code com IA integrada, oferecendo uma experiência mais acessível e descomplicada. Esse tipo de plataforma permite que profissionais de vendas, marketing, operações ou finanças criem, adaptem e automatizem processos sem depender exclusivamente de desenvolvedores. É uma nova realidade, em que a tecnologia finalmente se adapta às necessidades do negócio, e não o contrário.

Na Jitterbit, líder global em acelerar a transformação de negócios para sistemas empresariais, temos visto de perto o impacto dessa transformação em empresas de diversos  portes no Brasil. Para mim, como VP de Vendas e CS para a América Latina, um dos momentos mais gratificantes é testemunhar como plataformas low-code com IA integrada — aqui, temos o AppBuilder — ajudam nossos clientes a não apenas ganhar agilidade, mas também a transformar completamente suas operações. De fato, nada tangibiliza melhor essa democratização tecnológica do que a maneira como essas aplicações permitem que ideias sejam rapidamente convertidas em aplicativos que suportam fluxos operacionais, comerciais e de automação em tempo recorde.

Pense no tempo que era necessário para desenvolver um aplicativo empresarial há alguns anos: meses de codificação manual, testes, ajustes e integração. Com plataformas low-code e de IA, esse processo pode ser feito em poucos dias. O que antes parecia inalcançável agora está à disposição de qualquer equipe, independentemente do seu conhecimento técnico. Isso abre possibilidades incríveis para empresas brasileiras, que podem automatizar processos, conectar diferentes sistemas e criar soluções sob medida para suas necessidades com um custo muito menor e uma curva de aprendizado reduzida.

O mais interessante é que essa mudança está impactando não apenas a maneira como aplicativos são desenvolvidos, mas também como a tecnologia é percebida dentro das organizações. O Gartner prevê que até 2026 a IA generativa irá transformar 70% do design e desenvolvimento de novos aplicativos, enquanto a McKinsey já aponta que quatro áreas — atendimento ao cliente, marketing e vendas, engenharia de software e P&D — serão profundamente influenciadas pela aplicação de IA nos próximos anos. Em outras palavras, estamos apenas no começo.

No Brasil, onde a adaptabilidade e a capacidade de inovação são diferenciais competitivos, essas soluções têm ajudado empresas de diversos setores a aproveitar todo o potencial da IA. No último levantamento Summer 2024 Enterprise Results Index da G2, a média de implementação das nossas soluções (o chamado “go live”) ficou em apenas 1,8 mês — praticamente metade do tempo que o mercado costuma levar para colocar um projeto em operação. Além disso, nossos clientes têm visto um ROI em 10,5 meses, seis meses a menos que o padrão do setor.

Mas mais importante do que as métricas são os casos concretos por trás delas. No Brasil, por exemplo, ajudamos a rede de varejo colaborativo Coop a agilizar processos e automatizar tarefas críticas usando o Jitterbit App Builder. É esse tipo de parceria que nos dá a certeza de que estamos tornando a IA e o desenvolvimento low-code acessíveis e, acima de tudo, úteis no dia a dia das empresas.

A combinação de low-code com inteligência artificial permite integrar dados de diferentes fontes, automatizar processos e criar aplicativos personalizados de maneira segura e escalável. Isso faz com que negócios menores tenham as mesmas ferramentas que antes eram exclusividade das grandes corporações, ampliando suas possibilidades de competir e inovar.

Quando falamos de democratização da IA, estamos falando de muito mais do que uma simples adoção de novas tecnologias. Estamos ajudando as empresas a se prepararem para o futuro — um futuro em que a velocidade de adaptação e a capacidade de transformação serão decisivas para o sucesso.

Ao adotar plataformas low-code com IA, as empresas não estão apenas facilitando a criação de aplicativos; estão também criando uma mentalidade organizacional, onde a inovação se torna parte do DNA do negócio. Isso é crucial para o desenvolvimento do mercado brasileiro como um todo, pois gera um ambiente onde até pequenas e médias empresas podem se reinventar, explorar novas oportunidades e impulsionar o crescimento de maneira mais rápida e eficiente. No final das contas, é isso que transforma a tecnologia em um verdadeiro ativo estratégico: a capacidade de ajudar qualquer empresa a competir e vencer, independentemente do tamanho ou do setor.

*Lucas Felisberto é vice-presidente de vendas e CS na Jitterbit LATAM.

Fonte: Mondoni Press.

Leia também: Pacto nacional une parceria pública-privada para revolucionar o acesso a inovação em saúde

Big Data: a estrada para o sucesso no ambiente corporativo direcionado à dados (data driven)

* Por Luciana Miranda

Os dados já não são mais a fundação para o sucesso. Eles passaram a ser a “estrada de tijolinhos amarelos” que te levam ao caminho certo, com a pergunta certa, em um ambiente corporativo cada vez mais direcionado a dados (data driven). O Big Data – que consiste na capacidade de coletar, analisar e interpretar grandes volumes de dados – tornou-se um imperativo para as empresas que desejam se destacar no mercado ao oferecer uma oportunidade única para tomada de decisões mais inteligentes e consequente  vantagem competitiva.

Pretendo demonstrar como a implementação de uma estratégia de Big Data pode transformar a forma como as organizações operam e tomam decisões.  Um exemplo é a Netflix, pois o Big Data ajuda a recomendar filmes e séries com precisão impressionante, o que aumenta o tempo de uso da plataforma e a satisfação dos clientes, contribuindo para o sucesso da empresa no mercado de streaming.

Mas, por onde devemos começar uma estratégia de Big Data? A resposta é: aonde queremos chegar! Precisamos traçar nossos objetivos e metrificar o caminho. Esses objetivos têm que ser claros, comuns a empresa e mensuráveis. Em uma empresa de varejo que deseja aumentar suas vendas online, o objetivo claro e mensurável é “aumentar as vendas online em 15% nos próximos 6 meses.”

Leia também: Data-driven business: entenda com antecedência a necessidade do cliente

Um ponto importante para atuar nas métricas é sempre usar o framework do SMART, termo em inglês para:

  • Specific (específico) – Métricas devem ser claras e concisas.
  • Measurable (mensurável)- Métricas devem ser quantificáveis e permitir a comparação.
  • Achievable (atingível)- Métricas devem ser realistas.
  • Realistic/Relevant (realista/relevante)- Métricas devem estar alinhadas com os objetivos gerais da empresa.
  • Time-bound (temporal)- Métricas devem ter um prazo definido para serem alcançadas.

Consequentemente, a forma de utilizar as métricas também é muito importante, pois elas serão a base para tomadas das melhores decisões por meio de:

  • Personalização – Ao analisar o comportamento de cada usuário, é possível criar recomendações personalizadas, aumentando o engajamento e a satisfação.
  • Otimização do conteúdo – A análise da interação ajuda no entendimento de quais conteúdos são mais efetivos e quais precisam de melhorias.
  • Redução do churn – Ao identificar os motivos que levam ao cancelamento de uma compra de produto ou serviço, a empresa pode implementar ações para melhorar a experiência do cliente e reduzir o churn.

Feito isso, o próximo passo é identificar as fontes de informação que vão “abastecer” a análise de dados. Porém, neste momento, podemos encontrar alguns desafios relacionados aos dados:

  • Fragmentação – Muitas empresas possuem seus dados dispersos em diversos sistemas, o que dificulta a integração e a análise.
  • Qualidade – A qualidade dos dados é crucial para a tomada de decisões. Dados incompletos, inconsistentes ou duplicados podem gerar resultados imprecisos.
  • Volume – O volume de dados gerados pelas empresas aumenta exponencialmente a cada dia, exigindo soluções de armazenamento e processamento eficientes.
  • Legislação e privacidade – A coleta e o uso de dados pessoais exigem o cumprimento das normas regulamentadoras.

Para criarmos uma cultura de dados, precisamos definir uma política de segurança clara e abrangente que vá além de promover treinamentos regulares e incentivar a comunicação de vulnerabilidades. Para tratar a segurança como fundamental, também é importante utilizar recursos de criptografia, detecção de intrusões e resposta a incidentes para proteger a integridade das informações corporativas.

Assim, é possível fazer uma empresa ter sucesso a partir de uma cultura data driven e torná-la pronta para enfrentar os desafios do futuro. A cultura de dados e a segurança são os pilares fundamentais para a inovação por meio da transformação digital. E você, está preparado para essa jornada?

Luciana Miranda é VP e CMO da AP Digital Services.

Fonte: Pólvora Comunicação.

Desvendando os níveis de maturidade da IA: da inovação à integração

*Por Carolina Franco

Você já se perguntou em qual nível sua empresa está? 

Será que seu negócio está realmente preparado para inovar usando IA?

Durante um evento sobre IA, no CUBO, no mês de setembro em São Paulo, entre as diversas pautas abordadas, muito se falou sobre os graus de maturidade da IA. Para aproveitar plenamente o potencial da tecnologia é crucial entender os níveis de maturidade. Esses dados ajudam organizações a avaliarem seu estágio atual e a planejarem o desenvolvimento e a implementação de soluções de IA de forma eficaz.

São 4 níveis de fácil entendimento e contexto, a análise de cada estágio pode ser feita de forma simples entendendo cenários reais. 

Nível inicial: reconhecimento e exploração

Neste estágio, as organizações estão apenas começando a explorar a IA. Elas podem estar cientes de suas potencialidades, mas ainda não implementaram soluções significativas. Existe um conhecimento básico sobre a IA e suas aplicações, projetos pilotos, mas não podemos esquecer que a falta de uma estratégia consistente é uma dor presente e latente nesta fase.  

Nível intermediário: experimentação e implementação

As empresas começam a implementar projetos de IA com mais frequência. Neste estágio, há um aumento no investimento e uma maior compreensão das ferramentas disponíveis. Já é possível trabalhar com o desenvolvimento de protótipos e testes em ambientes controlados. Algumas aplicações de IA são integradas em processos existentes, mas ainda de forma fragmentada. Nesta fase também já existem investimentos consideráveis em capacitação de equipes.

Nível avançado: otimização e escala

As organizações que alcançam este nível estão utilizando a IA de maneira mais sistemática e integrada. A IA se torna parte essencial da estratégia de negócios. A utilização de machine learning e deep learning para análises complexas passa a ser realidade e processos são estabelecidos para avaliar e melhorar continuamente as soluções de IA.

Nível de maturidade superior: transformação e inovação

Neste estágio, a IA não é apenas uma ferramenta, mas um motor de transformação. Nesta fase as empresas estão inovando e se adaptando continuamente às mudanças do mercado. A tomada de decisões é impulsionada por análises avançadas e insights gerados pela IA. Desenvolvimento constante de novas soluções e modelos de negócios são baseados em IA. 

Compreender os níveis de maturidade da IA é essencial para qualquer organização que deseja integrar essa tecnologia de maneira realmente eficiente. Cada nível apresenta desafios e oportunidades específicas, e as empresas devem desenvolver uma estratégia clara para avançar. Ao fazer isso, elas podem não apenas melhorar a eficiência operacional, mas também se posicionar como líderes em um mercado cada vez mais competitivo e orientado por dados. 

A jornada em direção à maturidade da IA é contínua e exige adaptação, inovação e aprendizado constante.

Newly, o seu portal de tecnologia.

A privacidade e a segurança de dados são possíveis na era da IA?

Por Rubia Coimbra*

A inteligência artificial (IA) está impulsionando cada vez mais diversos setores da indústria e a privacidade e a segurança dos dados continuam a ser questões centrais para as empresas nesse sentido. O desenvolvimento acelerado de tecnologias, como a IA generativa, trouxe oportunidades incríveis para inovação e eficiência, mas também criou desafios complexos relacionados à proteção das informações sensíveis. Afinal, em um cenário em que a IA está transformando o modo como trabalhamos e fazemos negócios, é possível garantir a segurança e o controle total dos dados?

A resposta é sim, mas com certos cuidados. A proteção de dados na era da IA não é uma tarefa simples, mas com uma abordagem estratégica, é viável. As empresas que adotam um ecossistema de IA generativo precisam equilibrar a inovação com a responsabilidade. Este equilíbrio começa com a compreensão clara do ciclo de vida dos dados e o desenvolvimento de uma infraestrutura de informações que priorize tanto a segurança quanto a privacidade desde o início.

A IA generativa, técnica que possibilita a criação de  modelos capazes de gerar novos conteúdos, ideias e insights, tem gerado novas preocupações sobre quem controla as informações e como elas estão sendo utilizadas. As organizações precisam responder a perguntas críticas: onde estão sendo armazenados os dados? Quem tem acesso a eles? Estão devidamente protegidos?

De acordo com o estudo “Cisco Data Privacy Benchmark Study”, de 2024, as empresas estão se afastando do uso da IA generativa devido a preocupações com privacidade e vulnerabilidade dos dados. Analisando as respostas de 2,6 mil profissionais em 12 regiões do mundo, a pesquisa destaca que a privacidade vai além da conformidade regulatória. No Brasil, a maioria das organizações está adotando medidas para mitigar esses riscos: 59% estabeleceram restrições na inserção de dados, 60% limitam o uso de ferramentas de GenAI pelos funcionários, e 11% suspenderam temporariamente todos os aplicativos de GenAI, ainda de acordo com levantamento.

Com a ampliação de soluções de IA e o desafio crescente das redes de dados, a transparência sobre o uso dos dados é fundamental. As empresas que buscam escalar suas operações com esse tipo de tecnologia precisam garantir que a segurança seja uma prioridade desde o início da jornada. Implementar controles de segurança robustos e regulamentações que protejam as informações sensíveis não é apenas uma obrigação ética, mas uma necessidade estratégica em um ambiente de negócios em rápida transformação.

A boa notícia é que a tecnologia também oferece soluções para esses desafios. As plataformas modernas de dados, como o open data lakehouse, por exemplo, que permitem um gerenciamento flexível e seguro dos dados, têm se mostrado aliadas cruciais para as empresas que desejam escalonar suas operações com IA de maneira segura.

Essas plataformas oferecem controles de acesso rigorosos e criptografia de ponta, garantindo que os dados possam ser processados e compartilhados com segurança. Além disso, tecnologias de nuvem híbrida e de gestão de dados nativos para IA permitem às organizações não só expandir suas capacidades, mas também manter o controle sobre seus dados, independentemente de onde eles estão armazenados.

Para não comprometer a privacidade e a segurança em nome da inovação, as instituições podem implementar políticas rígidas de governança de dados, investir em tecnologia de segurança avançada e, acima de tudo, garantir que todos os processos de IA sejam transparentes e auditáveis. Uma infraestrutura de dados bem estruturada deve permitir que as empresas escalem suas operações de IA de maneira fluida, sem renunciar ao controle sobre seus dados.

É importante ressaltar, ainda, que a governança de dados tem um papel essencial na construção dessa infraestrutura. Ela garante que as organizações possam acompanhar o ciclo de vida completo das informações, desde a coleta até o processamento, armazenamento e eliminação. Com uma governança eficaz, as empresas podem criar políticas claras sobre o uso dos dados, garantindo que sejam mantidos dentro dos padrões de segurança e conformidade necessários.

Outro aspecto importante é a criação de uma cultura corporativa voltada para a privacidade. A educação dos colaboradores sobre as melhores práticas de segurança de dados é fundamental para reduzir o risco de violações, sejam elas intencionais ou não. Em um ambiente onde os ataques cibernéticos estão se tornando cada vez mais sofisticados, a conscientização interna sobre a importância da privacidade de dados é uma linha de defesa importante.

O futuro da IA é promissor, mas deve ser trilhado com responsabilidade. As empresas que souberem integrar um ecossistema de IA generativa com as melhores práticas de segurança e privacidade estarão bem-posicionadas para aproveitar ao máximo a revolução tecnológica que estamos vivendo.

*Rubia Coimbra, vice-presidente da Cloudera para a América Latina

ISO de inovação: o que muda com a chegada da ISO 56001?

Por Alexandre Pierro*

A ISO 56002, também conhecida como ISO de Inovação, já se tornou uma grande aliada das empresas ao redor do mundo que querem inovar de forma estruturada e segura, mantendo seu destaque no mercado. Grandes cases de sucesso no mundo – e aqui no Brasil – já foram construídos com o apoio desta metodologia e, agora, mais uma novidade está a caminho para contribuir ainda mais com o fomento do potencial inovador das empresas: a ISO 56001. Ambas possuem propósitos semelhantes, mas existem diferenças consideráveis entre elas que precisam ser compreendidas antes de se ingressar nessa jornada.

Desenvolvida pela organização não governamental International Organization of Standardization (ISO), a ISO 56002, que foi publicada em 2019, trata-se de uma metodologia de diretrizes para a inovação, a qual, através da aplicação de um diagnóstico, fornece as melhores orientações capazes de alavancar a empresa em seu segmento e potencializar a conquista de resultados cada vez melhores.

Testada e aprovada por mais de 164 países, ela foi adotada por cerca de 600 empresas em todo o mundo e contém uma metodologia flexível e adaptável conforme cada perfil e necessidades, o que permite que cada negócio escolha qual caminho faz mais sentido de acordo com sua realidade e expectativas. Sua certificação não é obrigatória, mas, se desejar, a empresa pode contratar um organismo certificador e passar por uma auditoria de certificação. Quando aprovada, recebe uma certificação via atestado de conformidade.

Do outro lado, a ISO 56001 é uma norma de requisitos no desenvolvimento de um sistema de gestão para a inovação, com previsão de ser oficialmente publicada em setembro de 2024. Por se tratar de uma norma de requisitos, é possível que, no futuro, ela venha a ter a acreditação do Inmetro, que é o órgão máximo de padronizações no Brasil.

Neste caso, o Inmetro irá auditar os organismos certificadores, conferindo ainda mais rigor ao processo. Após essa fase, as certificadoras poderão emitir um certificado via acreditação para as empresas que cumprirem os requisitos na ISO 56001. Para muitos, ter a chancela do Inmetro é um ponto extremamente favorável, uma vez que traz mais segurança e confiabilidade ao processo.

Em termos práticos, não há grandes diferenças entre as duas normas. Enquanto a ISO 56002 possui um viés mais brando, a ISO 56001 traz uma proposta mais rigorosa. A ISO 56002 expressa, claramente, que a inovação pode ser adotada em serviços, produtos, processos, ou na combinação de mais de um desses, sempre levando em consideração que haja a geração de valor ao negócio. Já a ISO 56001 busca fomentar qual a intenção de inovação – ou seja, o que espera realmente conquistar com isso.

Podem parecer conceitos semelhantes, mas a profundidade proposta pela ISO 56001 é muito maior, abrangendo critérios de cultura e engajamento, além de propriedade intelectual com conceitos bem mais estruturados. Afinal, uma marca que busca inovar não precisa almejar apenas lucro, mas também mirar em uma maior satisfação de seus clientes, melhorar a experiência de compra, melhorar a captação de recursos de fomento à inovação ou, até mesmo, aumentar o valor de sua marca. O que vale, aqui, é a intenção por trás desta jornada.

De um lado, temos uma metodologia que traz em seu propósito um discurso de diretriz, orientando os empreendimentos sobre o que mais convém conforme suas metas. Do outro, uma norma mais rigorosa, conduzindo os caminhos a serem seguidos de uma forma mais imperativa, com foco nos resultados.

Essa visão, contudo, não quer dizer que uma é melhor que a outra, uma vez que tanto a ISO 56001 quanto a ISO 56002, são capazes de trazer excelentes resultados às empresas – desde que seu desenvolvimento seja conduzido de forma estruturada, planejada e aberto à ajustes caso necessários. A escolha entre uma e outra só depende do momento e dos objetivos de cada empresa.

O que realmente importa, na prática, é a geração de valor conquistada através deste processo, de forma que haja uma percepção nítida de resultados melhores que agreguem valor ao negócio, seja em termos financeiros, no aumento no número de clientes, redução de gastos ou outros aspectos relevantes.

Afinal, é com a ISO 56002 que as empresas conseguirão abrir seus caminhos nessa jornada e, junto à ISO 56001, pavimentar essa trilha estabelecendo passos mais seguros e concretos na tomada de decisões. O que também não quer dizer que seja necessário adotar primeiro uma e depois a outra.

Com essa diferença desmistificada, fica mais fácil identificar como ambas podem trazer resultados incríveis para o crescimento organizacional, cabendo a cada negócio decidir quais ações fazem mais sentido conforme sua realidade e expectativas. Independentemente da norma escolhida, as empresas que adotarem essa metodologia de inovação, certamente, estarão muito mais preparadas para aproveitar oportunidades em seus mercados de atuação.

*Alexandre Pierro é mestrando em gestão e engenharia da inovação, bacharel em engenharia mecânica, física nuclear e especialista de gestão da PALAS, consultoria pioneira na ISO de inovação na América Latina.

Lei de TICs: como fomentar a inovação?

Por Andressa Melo

Diante de um cenário mercadológico global crescentemente imerso na digitalização, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) emergem como um dos maiores alicerces a favor da inovação e do desenvolvimento socioeconômico empresarial. Nos últimos anos, temos visto um crescimento surpreendente deste setor no país, com grande potencial de trazer ainda mais benefícios em prol do destaque e desempenho organizacional dos empreendimentos através, principalmente, da extensa gama de incentivos de fomento nessa área através de atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), como é o caso da Lei de TICs.

Tida como uma atualização da Lei de Informática (Lei 8.248/91), esta Lei foi criada com o objetivo de estimular a competitividade e a capacitação técnica das organizações brasileiras produtoras de bens de informática, automação e telecomunicações. Seguindo o mesmo propósito da legislação anterior, ela trata de investimentos em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) para este setor, assim como do cumprimento do processo produtivo básico (PPB) e da consequente possibilidade de geração de crédito financeiro.

Segundo os dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), atualmente, há 511 empresas habilitadas a recorrerem a esse benefício e, entre os anos-base de 2020 a 2023, houve um total de R$ 25.944,74 em créditos financeiros para as organizações ingressantes, em um número crescente justificado pelas inúmeras vantagens que este incentivo proporciona para as operações corporativas.

É inegável que a tecnologia ocupa um lugar de destaque em qualquer ramo do negócio. Seja da área de tecnologia, industrial ou, até mesmo, na educação, toda empresa utiliza recursos do setor de TIC em seu dia a dia e, obviamente, precisa continuar investindo nesses recursos para tornar seu negócio rentável e escalável – visando a conquista de melhoras internas como uma maior produtividade ou qualidade do produto e/ou serviço da própria companhia.

Por isso, ter uma lei que estimule e que conceda incentivos e benefícios fiscais aos negócios que desenvolvem produtos do setor de TICs em território brasileiro é fundamental para aquelas que, realmente, queiram ou desejam começar a investir na industrialização de produtos nacionais, permitindo que nosso mercado seja mais independente, principalmente, das importações desses produtos.

Hoje, todas as empresas que produzem e/ou desenvolvem bens de tecnologias da informação e da comunicação; cumprindo o PPB desses produtos e que investem em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação, podem recorrer aos benefícios desta Lei, desde que, dentre suas normas, tenham algum dos produtos “incentiváveis” dispostos no art. 16-A da Lei nº 8.248/1991 – tais como aparelhos e instrumentos de pesagem, impressoras, máquinas de calcular programáveis pelo usuário, máquinas automáticas para processamento de dados, dentre outros.

Há um amplo consenso quanto ao papel crucial da Lei de TICs no fortalecimento do ecossistema científico e tecnológico no setor de TIC e inovação digital no Brasil. Contudo, também são notórios os desafios enfrentados por grande parte das companhias que recorrem a esta Lei. Dentre eles, podemos citar, primeiramente, a questão da complexidade dos requisitos de longo prazo exigidos pela legislação, principalmente nos casos de empresas menores, que talvez não possuam um departamento estruturado de controle dos projetos de PD&I, ou de contabilidade.

Ainda em relação aos projetos de PD&I, é necessário que eles estejam alinhados aos objetivos da empresa e às exigências da Lei; caso contrário, a organização pode ser penalizada por apresentar atividades de PD&I não elegíveis à Lei de TICs. Isso, além de discussões frequentes sobre o uso do PPB (Processo Produtivo Básico) – as etapas fabris mínimas necessárias que as organizações devem cumprir para que seja caracterizada a efetiva industrialização de determinado produto – e a necessidade de mecanismos complementares para evidenciar, de fato, as estruturas produtivas locais e o nível de nacionalização dos produtos incentivados.

Outro ponto de atenção para as empresas é a gestão assertiva da documentação detalhada que precisa ser enviada anualmente (RDA e parecer conclusivo) para comprovar os investimentos em PD&I, essencialmente. Essa tarefa pode ser trabalhosa e cara, uma vez que os relatórios podem ser auditados pelo MCTI e, nos casos mais graves, a companhia pode ser penalizada com a suspensão, multas e/ou cancelamento da habilitação.

Tudo isso contribui para que, apesar de a legislação estar em vigor desde a década de 90, diversas organizações ainda apresentam receios e, até mesmo, desconhecimento sobre o assunto. Tanto é que, conforme uma pesquisa feita pela PINTEC, em 2022, apenas 26% dos empreendimentos adotaram alguma tecnologia por meio de programas de apoio, algo extremamente prejudicial ao desenvolvimento dessa indústria em nosso país.

Precisamos, desde já, criar uma cultura de fomento à inovação por meio das políticas públicas nas empresas, seja por meio do auxílio do governo federal ou de iniciativas da própria rede privada em realizar eventos, formações, workshops e/ou encontros para discutir a importância da implementação do incentivo para o avanço da inovação tecnológica. Essa ação, aliada ao desenvolvimento de um ambiente propício à inovação, contribuirão para que a Lei de TICs se aprimore e apoie a evolução do nosso mercado, atraindo cada vez mais companhias para usufruir dos benefícios da utilização deste incentivo fiscal.

Andressa Melo é gerente de inovação do FI Group, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financeiros destinados à PD&I.

Falhas e bugs são inaceitáveis: porque sua empresa precisa de uma fábrica de testes

Por Wilson Kubo*

Wilson Kubo, Gerente Comercial da Prime Control

Apesar de ser um termo consolidado há bastante tempo, a fábrica de testes continua extremamente relevante. Investir em uma fábrica de testes oferece vários benefícios, como a centralização das atividades de teste, otimizando os recursos disponíveis, e a padronização dos processos, garantindo maior consistência nos resultados, crucial para a manutenção da qualidade.

Para uma empresa, investir em uma fábrica de testes é muito benéfico. Além dos benefícios técnicos, é necessário avaliar os benefícios financeiros. Muitas vezes, as fábricas de software veem isso como um custo adicional, mas se implementado de forma estruturada, com processos bem definidos, pode trazer um desenvolvimento mais limpo, com menos erros e retrabalho, permitindo entregar o software em menor tempo e com maior qualidade.

Para o usuário final, a expectativa é que o software funcione corretamente. É inadmissível que um software tenha falhas ou bugs. Por isso, o processo de teste e qualidade de software é indispensável. Com um bom processo de teste, os projetos têm mais tempo e tranquilidade para focar na usabilidade e experiência do usuário final.

Uma fábrica de testes funciona como um centro especializado dentro do desenvolvimento de software, dedicado exclusivamente à validação e verificação da qualidade dos produtos. Centralizando os esforços de teste, as empresas conseguem otimizar recursos e padronizar processos, resultando em maior eficiência e melhores resultados.

Um dos principais benefícios é ter uma equipe independente de teste. Não é recomendável que o próprio desenvolvedor cuide também da qualidade, pois pode haver conflitos de interesse. É sempre bom ter uma equipe que desenvolve e outra que valida o software.

Como gerente comercial da Prime Control, vejo que o principal custo é a mão de obra especializada e o software necessário para gerenciamento e execução de testes, especialmente em dispositivos móveis. Ferramentas como farms de dispositivos permitem testar massivamente e de forma automatizada em diversos aparelhos, otimizando o processo.

Hoje, já existem muitas ferramentas open source desenvolvidas pela comunidade que não têm custos de licenciamento, especialmente para automação de teste e teste de performance. As ferramentas mais atuais voltadas para produtividade usam inteligência artificial, como as criadas pela Prime Control, que ajudam na construção de cenários, scripts e outros tipos de testes.

Mesmo com o uso de automação e novas tecnologias, a qualidade do software ainda depende do fator humano. Segundo o Relatório de Tendências de Dados e IA de 2024 do Google, quase dois terços dos tomadores de decisão esperam uma democratização do acesso aos insights, com 84% acreditando que a IA generativa vai acelerar a produção de insights em suas organizações. O relatório também destaca que a escassez de competências é uma das maiores barreiras para acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas.

É essencial que as lideranças não percam essa essência ao focar nas tecnologias. O equilíbrio entre o uso de tecnologias e o engajamento humano é fundamental para o sucesso dos projetos de software.

Quando um cliente nos procura para criar uma fábrica de testes, nossa primeira preocupação não são apenas os aspectos técnicos, mas o que o software proporciona ao cliente final. Precisamos entender para que fim o software foi construído e quais funcionalidades são mais importantes. Também consideramos quais dispositivos o público-alvo costuma utilizar para garantir que os testes contemplem a variação de aparelhos.

A tecnologia facilita muito nosso trabalho, mas ainda dependemos do fator humano para a qualidade do software. Mesmo com metodologias ágeis e equipes remotas, um bom planejamento e o engajamento das pessoas são essenciais. A fábrica de testes facilita o trabalho remoto e distribuído, mas é crítico manter o planejamento adequado e envolver as pessoas para que o modelo funcione.

*Wilson Kubo é Gerente Comercial da Prime Control. Tem mais de 31 anos de carreira em empresas nacionais e multinacionais, com 16 anos em projetos de teste de software e nos últimos 12 anos focados em relacionamento e vendas, gerenciando contas corporativas e fidelizando clientes. Ele possui experiência em gestão financeira de projetos, prospecção de clientes, elaboração de propostas, negociação de contratos e inovação em serviços. Kubo também tem ampla vivência em startups e na gestão de projetos de qualidade de software, tendo trabalhado com clientes como Toyota do Brasil, Banco Cacique e Itaú. Ele possui experiência em projetos internacionais com empresas japonesas, chilenas e peruanas, destacando-se no relacionamento e gerenciamento de pessoas, organização, proatividade e foco nos resultados. Especializado em qualidade de software, Kubo tem grande experiência na otimização e implementação de processos de qualidade.