De um lado, salários acima da média do mercado, oportunidades de trabalho remoto e no exterior e muitas vagas disponíveis. De outro, um gap gigantesco de profissionais qualificados para assumir cargos de gestão
Diversos números indicam a grande importância que as empresas brasileiras dão à tecnologia. Três em cada quatro empresários consideram tais investimentos estratégicos para o futuro de suas organizações. Com isso, o mercado de tecnologia no Brasil se consolida como um dos mais aquecidos do mundo. De acordo com pesquisa do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (FGVcia), até o fim deste ano serão investidos mais de R$ 345 bilhões na área. Dados demonstram, ainda, que o setor de tecnologia tende a crescer cerca de 12% ao ano, porcentagem que, automaticamente, será responsável pelo aumento do número de vagas de emprego e por incrementos nos salários. No entanto, mesmo com tamanha relevância, o segmento carece de mão de obra qualificada. Por quê?
Segundo o Engineering Tech Manager na Nubank e professor Odair Bonin, a resposta está em um apagão de talentos em tech, especialmente lideranças. “Existem muitas pessoas qualificadas, mas em níveis táticos; em cargos C-level, é impressionante como é escassa a mão de obra”, avalia o especialista, que exemplifica com dados de mercado sobre a faixa salarial desses profissionais demandados: um gerente de tecnologia, por exemplo, possui vencimentos mensais que chegam a R$ 32 mil. Desenvolvedores seniores não ganham menos de R$ 13 mil/mês. Até mesmo recrutadores especialistas na área possuem salários que beiram os R$ 10 mil. O professor é um dos especialistas que integram a relação de grade da pós-graduação nada tradicional em Liderança e Gestão em Tecnologia que a escola de negócios Conquer acaba de lançar.
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De acordo com ele, especialmente lideranças em tecnologia são muito valorizadas, porque são esses profissionais que conduzem toda a transformação cultural dentro das organizações. “Ocupar essas vagas não acontece da noite para o dia, mas é completamente possível iniciar a trajetória para liderança em tecnologia. O que vemos hoje é, de um lado, salários acima da média do mercado, oportunidades de trabalho remoto e no exterior e muitas vagas disponíveis. De outro, um gap gigantesco de profissionais qualificados para assumir cargos de gestão”, analisa.
O problema é tão sério que, segundo a consultoria de recrutamento Michael Page, oito em cada dez profissionais pedem demissão por causa da liderança. 530 mil das cerca de 800 mil vagas não são preenchidas no mercado brasileiro por falta de profissionais qualificados, especialmente de liderança, alerta um report do FGVcia. “Em termos comparativos, o Brasil forma apenas um profissional de TI para cada 11 administradores ou advogados. Já na Índia, a relação é de um para cada três. Nos EUA, um a cada cinco. A única solução para preencher essas vagas é formação, investimento na carreira e foco em resultados”, avalia o especialista.
Fonte: RPMA