O boom da IA: tempos difíceis ou revolucionários para o Marketing?

Estudos e eventos sobre IA, como a NRF 2025, levantam questões importantes sobre a aplicação da tecnologia nas diferentes frentes do marketing. É essencial ir além da experiência de um evento, vivê-la in loco para entender, na prática, como o marketing pode ser impactado positivamente ou negativamente pelas grandes inovações propostas pela inteligência artificial.

Vamos olhar para a NRF, o maior evento de varejo do mundo. Para fugir do básico, dos clichês das “10 tendências para o varejo via NRF” e dos temas mais bombados, é interessante focar em insights reais, com comparações in loco, usando dados do mercado e a realidade vivida tanto nos EUA quanto no Brasil. Do lado de fora vale observar a Target, dentro da feira a Loja Amazon Go, que são conceitos diferentes, mas que na ponta oferecem uma experiência rápida, eficiente e realmente satisfatória.

Tudo começa com um visual limpo nas lojas, sem muitas informações, placas de desconto ou vendedores oferecendo algo. Quem entra ali já sabe o que precisa, tem pouco tempo, provavelmente é um comprador frequente e certamente voltará. E por que tantas certezas? Porque existe um valor agregado nas marcas. A Target e a Amazon refletem dois conceitos de jornada completa. A queridinha da sacola vermelha e branca oferece bons preços, grande variedade de produtos e checkout facilitado. Aliás, o caixa sem atendente não é mais tendência nos EUA há muitos anos; trata-se de economia de tempo, dinheiro e garantia de uma jornada sem ruídos. Já a Amazon, conhecida mundialmente pela entrega rápida e eficaz, seja em serviços de nuvem, segurança ou entregas, traz no conceito Amazon Go uma experiência de loja que envolve tecnologia em toda a jornada: biometria facial logo na entrada, distribuição impecável de produtos nas prateleiras e pagamento em pouquíssimos cliques. O resultado? É possível realizar uma compra no local em até 2 minutos.

Agora, o que realmente está em pauta para qualquer discussão dentro ou fora da NRF, no Brasil ou nos EUA, é a IA. Ela faz parte dos exemplos citados acima: está no autoatendimento da Target, ajudando a identificar produtos dentro e fora da sacola, ou sugerindo um desconto via aplicativo ou cartão. E, claro, também está na Amazon Go, onde, em poucos segundos, tudo foi integrado: biometria do comprador, dados do cartão e gerou transação de compra concluída rapidamente, quase que instantânea.

O legado da NRF, com todas as experiências in loco proporcionadas dentro e fora do evento, na cidade de Nova York, é a sensação de que o consumidor está cada vez mais conectado, vivendo uma grande transformação digital e tornando-se também mais exigente, incluindo as novas gerações. Tudo isso exige uma estratégia de marketing mais assertiva, que precisa “abraçar” a IA para alcançar o sucesso. 

Para quem é do time dos mais “velhos” podemos dizer que estamos vivendo atualmente a transição e evolução do conceito do uso dos dados. Para exemplificar, há poucos anos, era necessário cruzar enormes planilhas e navegar em ERPs complexos para entender o perfil de um cliente, lançar um produto ou preparar uma base para uma grande campanha de CRM. Hoje, a IA entrega, em poucos momentos, dados precisos de toda a jornada do cliente. Claro, no Brasil ainda temos muito a evoluir. Questões como a troca de dados de forma segura e a LGPD também entram em cena. Vale reforçar que, embora a IA continue a ser uma das vanguardas da inovação em 2025, o progresso ainda enfrenta obstáculos, como já mencionado, a integração complexa com sistemas existentes e preocupações com a privacidade dos dados.

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O live shopping vem ganhando força nos últimos anos. Em 2025, deve explodir. Fala-se muito sobre como os consumidores, além de uma jornada de compras completa, querem experiências e entretenimento. O live shopping combina os dois, permitindo que varejistas e marcas se conectem com os clientes de forma mais pessoal. No marketing, essa abordagem de vendas cria um senso de urgência e exclusividade, além de fortalecer as conexões entre marcas e produtos. Em um ambiente de varejo multicanal, onde cada ponto de contato é uma ferramenta poderosa para obter insights, o live shopping pode fornecer dados valiosos para ações de marketing.

Mas e as lojas físicas?

No Brasil, as lojas físicas de varejo continuarão seu renascimento em 2025. Por aqui, ainda são fundamentais para aumentar a retenção, a aquisição de clientes, a identidade da marca e fidelidade. As lojas físicas “do hoje” precisam oferecer experiências imersivas que não podem ser replicadas online e exibir identidades únicas. Esses espaços criam confiança e lealdade por meio de interações autênticas, promovem conexões pessoais e criam uma comunidade em torno da marca. À medida que os consumidores buscam conexões significativas, as lojas físicas oferecem o ambiente perfeito.

Muito se falou na NRF, em palestras de grandes marcas, sobre a expectativa de que mais marcas sigam o conceito das lojas boutique e de luxo, investindo mais fortemente em serviços e experiências dentro das lojas. Esses serviços não são apenas um extra agradável; eles também geram receita. Um exemplo clássico é a Sephora, que oferece o melhor em produtos de beleza, disponibiliza amostras e a experiência de testes grátis em todas as lojas, e, se você ainda tiver sorte, pode curtir uma trilha sonora com DJ ao vivo durante suas compras.

A reflexão que fica de tudo isso, com tantas informações e uma transformação acelerada, é que o trabalho dos profissionais de marketing será ainda mais desafiador nos próximos meses. Vai ser preciso agir com cautela, usar a IA com moderação, investir em ações e estratégias consistentes e reais, ter cuidado com a superexposição das marcas e, mais do que tudo, fazer o uso dos dados de maneira ética e segura.