ABINC reúne especialistas na Inatel para discutir o futuro da indústria conectada e lança pesquisa inédita de IoT

Especialistas debateram como o IoT, os Data Spaces e o Open Industry deverão impulsionar a conectividade e a sustentabilidade de setores como saneamento, energia, agricultura e meio ambiente

“O futuro da indústria conectada e sustentável no Brasil terá de passar por tecnologias como Internet das Coisas (IoT), Data Spaces e iniciativas de Open Industry — que serão capazes de transformar setores essenciais como saneamento, energia, agricultura e meio ambiente”, previu o presidente da ABINC, Paulo Spaccaquerche, durante o Fórum IoT Practices, realizado no Inatel, nesta terça-feira (9), em Santa Rita do Sapucaí. Com foco em aplicações práticas, especialistas debateram como o uso de sensores, automação, monitoramento remoto e compartilhamento seguro de dados já está mudando a operação de empresas em todo o país. O encontro ainda contou com a apresentação oficial da pesquisa “Panorama do IoT no Brasil 2025”, lançada em primeira mão, na Inatel, em celebração ao IoT Day mundial.

Um dos pontos centrais foi a apresentação do conceito de Data Spaces, espaços digitais seguros que viabilizam a troca estruturada e transparente de dados entre empresas e instituições. Para Rogério Moreira, diretor de tecnologia da ABINC, a criação desses ambientes é essencial em um cenário cada vez mais orientado à economia de dados. “Hoje, temos a IoT como um dos maiores geradores de dados. Mas, para que esses dados possam ser disponibilizados de forma segura e sem conflitos, é essencial saber exatamente onde eles estão. Por isso a importância dos catálogos de dados. Além disso, para que ocorra a troca de informações entre as partes, é necessário estabelecer regras claras, especialmente regras econômicas. É isso que fundamenta a governança dentro dos Data Spaces”, explicou.

Esse conceito está diretamente conectado ao Programa Open Industry, que será lançado oficialmente no final de abril com o objetivo de estabelecer um ecossistema de compartilhamento seguro de dados entre empresas industriais brasileiras. A iniciativa foca na criação de catálogos de dados, definição de protocolos de interoperabilidade e estabelecimento de regras para governança e segurança na troca de informações.

Outro destaque foi a digitalização no setor de saneamento, com foco no combate a perdas, detecção precoce de fraudes e vazamentos, além da otimização operacional. Francisco Portelinha, pesquisador do Inatel, demonstrou como sistemas compostos por sensores inteligentes, painéis analíticos e softwares especializados permitem que empresas tomem decisões antecipadas, evitando prejuízos e promovendo o uso eficiente dos recursos hídricos. Também foram apresentados cases de uso da IoT no controle remoto de chaves, religadores e gerenciamento de rede elétrica.

A sustentabilidade e o uso inteligente da água também estiveram em pauta com as apresentações de Thiago Teixeira Santos, pesquisador da EMBRAPA, Thiago Furtado de Oliveira, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Dario Prado, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Trivale Tecnologia e Tsen Chung Kang, Diretor de pesquisas de novos negócios do Grupo Jacto. Entre os exemplos, destacaram-se sensores multiparamétricos em reservatórios, boias de monitoramento da qualidade hídrica e sistemas automatizados de irrigação para uso racional da água da chuva.

A conexão entre inovação e sustentabilidade foi reforçada pelo professor Pedro Sérgio Monti do Inatel, que apresentou projetos de ponta em conectividade, como redes sensoriais, comunicação via luz visível, recarga remota de dispositivos IoT com drones e superfícies refletoras inteligentes para ampliação de sinal. As soluções exploram tecnologias como edge computing, energização via fibra óptica e comunicação óptica sem fio.

O evento ainda contou com a divulgação oficial da inédita “Panorama do IoT no Brasil 2025”, realizada pela ABINC e pelo portal TI Inside. O estudo revelou um crescimento expressivo no uso de Inteligência Artificial embarcada em soluções IoT — 81,7% das empresas fornecedoras já utilizam IA, sendo que 38% oferecem essas soluções ao mercado e 43,7% estão em fase de desenvolvimento. No entanto, os desafios ainda são significativos: o custo de implementação lidera as barreiras com 23,9% das menções, seguido por limitações na infraestrutura de conectividade (22,5%) e pela baixa adesão dos clientes (21,1%).