Para enfrentar a inadimplência, recorrer a legaltechs que lançam mão da automação e inteligência artificial é estratégico para empreendimentos credores no mercado.
A crise da pandemia de Covid-19 e a instabilidade econômica têm contribuído para o aumento da inadimplência no Brasil. Dados do Banco Central indicam, por exemplo, que 7,19% das dívidas de pessoas jurídicas estavam em atraso no primeiro semestre deste ano, acréscimo de 5% em relação ao final de 2020. O mais recente Mapa da Inadimplência, do Serasa, aponta para 62,25 milhões de brasileiros também sem quitar os débitos em dia.
Para reaver montantes, os credores cada vez mais têm recorrido ao segmento de legaltechs – empresas que adotam soluções em tecnologia da informação (como automação e inteligência artificial) nos processos de investigação e de suporte ao departamento jurídico. Movimento que pode ser aferido pelo desempenho de um dos players desse ramo, a Leme Inteligência Forense – com sede no Paraná e que tem entre os clientes grandes corporações do país, de várias atividades econômicas como escritórios de advocacia, bancos e cooperativas de crédito, é focada em investigação patrimonial aplicada à cessão e recuperação de crédito, alia modernas ferramentas tecnológicas à inteligência forense, transformando assim informações em dados consistentes para que os credores possam montar as melhores estratégicas.
Reflexo do aumento da demanda, a Leme ampliou sua carteira de clientes em 11,4% em 2021, chegando a 222 clientes novos, isso em comparação ao ano anterior. O trabalho também se intensificou, um salto de 52% em relação ao verificado nos 12 meses de 2020. Com isso, o faturamento nos seis primeiros meses desse ano atingiu a marca de 25% a mais que no período passado.
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De acordo com o CEO da legaltech, Valdo Silveira, a cobrança judicial “é um movimento em crescimento há anos”, e por isso organizações como legaltechs tendem a se sobressair. Afinal, as soluções tecnológicas não só aumentam a produtividade, como viabilizam resultados mais precisos com redução de custos. Conta a favor também a integração de sistemas institucionais de dados, como o Sisbajud – que converge informações do Banco Central com as do Poder Judiciário.
“Com isso, a tendência é que a cobrança judicial se torne cada vez mais efetiva”, sublinha Silveira. “O êxito nesse processo está sempre vinculado a duas questões: velocidade e informação consistente. Se a melhor alternativa for a judicialização, só se chega a essa conclusão de forma segura com a melhor informação, e a melhor estratégia a se adotar a partir daí é justamente a com maior velocidade para produzir resultados”, acrescenta.
Para entregar informação e velocidade, com precisão nos resultados, a Leme desenvolveu uma plataforma que integra mais de 30 mil órgãos públicos e cartórios do Brasil. Mas investiu em inteligência humana também – ampliou em 10% o quadro de colaboradores no primeiro semestre deste ano. Para esta reta final de 2021, está selecionando profissionais de desenvolvimento de sistemas, área comercial e recursos humanos.
Os investimentos – que incluem, ainda, a ampliação física da sede em 50%, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba – vão ao encontro de uma demanda do mercado, ressalta o CEO da Leme.
“As empresas estão investindo em uma recuperação de crédito de uma forma mais profissional. Priorizam tanto consultorias especializadas em investigação patrimonial – como somos aqui, na Leme – como o uso de novos instrumentos tecnológicos que facilitem a coleta de informações. É o que estamos fazendo.”
A investigação patrimonial permite identificar recursos que dificilmente os credores poderiam identificar, e assim abrir caminho para pleitear a aplicação desses montantes no pagamento das dívidas. Nesse trabalho, a Leme localizou R$ 8,1 bilhões em patrimônio de inadimplentes, inclusive no exterior, em paraísos fiscais. Trata-se de investigação referente a um total de R$ 1 bilhão de dívidas buscadas pelos clientes da legaltech.
Para parte das organizações que demandam investigação patrimonial – como as que ofertam crédito no mercado –, trata-se, também, da viabilidade financeira de seus negócios, conforme explica o executivo da Leme.
“Diante de um risco maior de inadimplência para novas concessões de crédito, as empresas do setor são obrigadas a melhorar a performance de seus departamentos vinculados à cobrança. Por isso, precisam buscar formas de torná-los mais efetivos, e é nesse momento que entram produtos de investigação patrimonial”, aponta.
FONTE: Engenharia de Comunicação